Mensagem


Recebi esta mensagem por ocasião dos meus 29 anos de Ordenação Presbiteral e partilho com você, meu leitor. 


Caríssimo Dom Dirceu Vegini, 

Promovido à plenitude do sacerdócio católico, é dada a Sua Excelência a possibilidade de mais largamente fazer o bem à Igreja mediante o testemunho de sua fé, o exemplo de sua fidelidade e o ensinamento de sua pregação.
Em suas palavras, compreendemos claramente que não é difícil fazer de nossa voz uníssona à da Igreja, mesmo que isso nos custe tão caro na maioria das vezes. Compreendemos que só faremos uma boa reflexão de tudo aquilo que professamos quando escolhemos a sua reta interpretação e nos esforçamos ao máximo de nossas forças para vivermos tudo aquilo em que acreditamos.
Todos quantos o conhecem confirmam que foram cativados por sua simpatia, sua ciência e a forma como expressa seu pensamento e trabalho pastoral. Ao mesmo tempo em que pedimos a Deus a fecundidade espiritual de seu ministério, rezamos para que Ele continue a suscitar mais homens de sua dignidade para a glória a Deus, a exaltação da Igreja e a salvação das almas.

                                            Fr. Rodrigo Antônio, OSA.


Terra única e amada entre todas

Caro leitor, o Santo Padre encerrou hoje (16) a Visita Apostólica ao Líbano. Veja quão doces palavras dirigidas ao amado Povo do Oriente, ao entregar a Exortação Apostólica Pós Sinodal para o Oriente Médio: 



Amada Igreja presente no Médio Oriente, bebe na seiva original da Salvação que se realizou nesta Terra única e amada entre todas. Avança pela senda de teus pais na fé, daqueles que abriram, com a sua constância e fidelidade, o caminho da resposta da humanidade à Revelação de Deus. Encontra, na diversidade magnífica de santos que floresceram em ti, os exemplos e intercessores que hão-de inspirar a tua resposta ao apelo do Senhor a caminhar para a Jerusalém celeste, onde Deus enxugará todas as lágrimas dos nossos olhos (cf. Ap 21, 4). Oxalá a comunhão fraterna seja um apoio na vida diária e o sinal da fraternidade universal que Jesus, Primogénito duma multidão, veio instaurar! Assim, nesta região, que viu os actos e recolheu as palavras d’Ele, possa o Evangelho continuar a ressoar como há 2000 anos e seja vivido hoje e sempre.

Na mesma Fé e na mesma Caridade


No dia do Papa, uma reflexão do querido irmão no episcopado Dom Henrique Soares. Manifeste seu amor ao Sucessor de Pedro com uma oração pelo Ministério que ele exerce em nossa Igreja Universal.

Hoje, a Igreja dispersa pelo mundo inteiro une-se à Igreja de Deus que está em Roma para celebrar a solene comemoração do martírio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo que deram seu último e pleno testemunho de Cristo, derramando seu sangue em Roma. No Brasil, esta comemoração acontece no domingo seguinte ao 29 de junho. Ora, esta celebração em honra dos Santos Apóstolos dá-nos a oportunidade para recordar a missão do Sucessor de Pedro na Igreja de Cristo.

O Papa, como vigário de Cristo e sucessor de Pedro na Igreja, é o sinal visível da comunhão de todos os discípulos do Senhor na mesma fé e na mesma caridade, de modo que, com ele, todos cristãos, os fiéis e os pastores, devem estar em comunhão plena, sincera, leal e visível. Do mesmo modo, todas as Igrejas locais, isto é, todas as dioceses, devem estar em comunhão com a Igreja de Pedro, que é a Igreja (diocese) de Roma, que tem o Papa como seu Bispo. Foi em Roma que Pedro, que era o Bispo daquela Igreja, deu o seu último e decisivo testemunho de Cristo, por volta do ano 64 da nossa era, derramando seu sangue pelo Senhor, cravado, também ele, numa cruz. É comovente: o majestoso altar no qual o Papa celebra as Missas mais solenes na Basílica de São Pedro, é chamado Altar da Confissão. Ali, bem ali, metros abaixo, está sepultado Pedro! Ali, o Apóstolo confessou de modo perfeito, com seu sangue, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus! Missão de Pedro, missão de seus Sucessores: testemunhar com a palavra e a vida que Jesus é o Cristo de Deus. Por isso o Papa usa sapatos vermelhos: para recordar que seus passos, como os de Pedro, não devem guiar-se pelo que é fácil, mas pelo testemunho fiel, até o sofrimento, até o derramamento de sangue...

O Papa não é um administrador e não tem um programa de governo ou um cronograma de atividades. Ele é uma testemunha: testemunha a fé da Igreja, expressa pelo Apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo! Só tu tens palavras de vida eterna!” Este serviço na Comunidade eclesial existe por vontade do próprio Senhor Jesus Cristo, de modo que não poderia jamais ser criado ou cancelado pela Igreja. Sim, com certeza certa: por expressa e clara vontade de Cristo, a Igreja tem como cabeça visível o Papa!

Esse ministério petrino não é uma monarquia absoluta, nos moldes dos reis e governantes deste mundo. O Papa não é o que manda; é o que serve à unidade da fé e do amor. Antes de ser obedecido, ele é o primeiro a obedecer Àquele que se fez obediente até a morte. Certamente, ele tem a autoridade que lhe foi conferida por Cristo para ligar e desligar, isto é, para admitir e excluir da Comunidade da Igreja, para punir e suspender a punição. Tem também a autoridade suprema de ensinar em nome e com a autoridade de Cristo. No entanto, é importante que tudo isso seja compreendido como um serviço, com o objetivo de manter a Igreja toda unida na fidelidade à mesma fé apostólica e à mesma caridade que o Espírito de Cristo derramou sobre a Igreja do Senhor.

Do mesmo modo que seria um erro ver no Papa um ditador ou um monarca absoluto, também seria um grave engano ver nele um líder democrático que somente poderia agir de acordo com a maioria e suas palavras, ensinamentos e decisões somente teriam valor se aprovados pelos membros da Igreja. Nunca foi isso que os cristãos creram, pensaram, viveram ou ensinaram! Na Igreja, a autoridade não provém do rebanho, mas do Pastor, Jesus Cristo: “Quem vos ouve, a mim ouve”. É ele quem escolhe e chama, conferindo autoridade aos que escolheu.
A atitude correta de um verdadeiro católico para com o Santo Padre é aquela de sentimento filial, de reverência consciente e madura e de atenção fiel aos seus ensinamentos. Mais ainda: quando o Papa ensina de modo solene, no caso da proclamação de um dogma de fé, ou quando se pronuncia de modo definitivo sobre alguma doutrina, mesmo que de modo não solene, nossa adesão ao seu ensinamento deve ser não somente de respeito e acolhimento, mas de adesão total, confiando que no seu ensinamento é o próprio Cristo que, no Espírito Santo, recorda continuamente à Igreja tudo aquilo que tem relação com a verdade da nossa salvação.

Infelizmente, nesta época de contestação em que vivemos, procura-se apresentar a autoridade na Igreja como uma simples autoridade humana, estribada nos jogos de poder tão comuns nos vários âmbitos da vida. Pensa-se num “Papa carismático” utilizando este adjetivo de modo totalmente mundano: carismático como engraçado, pop, comunicativo. No cristianismo, “carismático” é quem recebeu um “carisma” isto é, uma graça especial do Senhor. Todo Papa é carismático porque recebeu o carisma do ministério petrino! É um erro mundanizar e vulgarizar as coisas sagradas. Os católicos não podem cair nesta armadilha. No entanto, não é raro ver-se até ministros ordenados ou religiosos falando ou mesmo agindo em dissenso com o Papa. Tivemos a tristeza de experimentar essa realidade, escancarada na televisão, nos jornais e na internet, entre o final do pontificado do Beato João Paulo II e o início do ministério pastoral do Papa Bento XVI. Um sabichão de plantão, sem nenhum compromisso efetivo com a Igreja, chegou até a profetizar em nome próprio que “esse Papa jamais será amado”. Errou. O Papa já é e será sempre amado pelos verdadeiros católicos com um amor que nasce da fé. Amado por ser um homem de Deus, amado por seu amor entranhado a Cristo, amado por ser simples, amado por ser sincero, amado por ser sábio nas coisas de Deus, amado por ser manso, amado por ter suportado mentiras, calúnias e perseguições morais por amor ao Reino de Deus, mas, amado sobretudo por ser, pura e simplesmente, o Papa, Sucessor de Pedro, Vigário de Cristo.

Acompanhemos o nosso Santo Padre com nossa oração e nosso afeto. Nós o conhecemos e o chamamos Bento; mas, na verdade, o seu nome é Pedro, a pedra sobre a qual o Senhor continuamente edifica a sua Igreja.

Comunhão dos Pastores da Igreja com Pedro

Caro internauta, no próxima sexta-feira (29/06), a Igreja celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo. O Santo Padre Bento XVI celebrará a Santa Missa na Basílica Vaticana e fará a imposição dos Pálios aos novos Arcebispos Metropolitanos nomeados desde a última festa dos grandes apóstolos. Ofereço para seu conhecimento nas palavras do Santo Padre, uma breve explicação do significado desta insígnia episcopal usada pelos arcebispos. 

O pálio. Este, que significa? Pode recordar-nos em primeiro lugar o jugo suave de Cristo que nos é colocado aos ombros (cf. Mt 11, 29-30). O jugo de Cristo coincide com a sua amizade. É um jugo de amizade e, consequentemente, um «jugo suave», mas por isso mesmo também um jugo que exige e plasma. É o jugo da sua vontade, que é uma vontade de verdade e de amor. Assim, para nós, é sobretudo o jugo de introduzir outros na amizade com Cristo e de estar à disposição dos outros, de cuidarmos deles como Pastores. E assim chegamos a um novo significado do pálio: este é tecido com a lã de cordeiros, que são benzidos na festa de Santa Inês. Deste modo recorda-nos o Pastor que Se tornou, Ele mesmo, Cordeiro por nosso amor. Recorda-nos Cristo que Se pôs a caminho pelos montes e descampados, aonde o seu cordeiro – a humanidade – se extraviara. Recorda-nos como Ele pôs o cordeiro, ou seja, a humanidade – a mim – aos seus ombros, para me trazer de regresso a casa. E assim nos recorda que, como Pastores ao seu serviço, devemos também nós carregar os outros, pô-los por assim dizer aos nossos ombros e levá-los a Cristo. Recorda-nos que podemos ser Pastores do seu rebanho, que continua sempre a ser d’Ele e não se torna nosso. Por fim, o pálio significa também, de modo muito concreto, a comunhão dos Pastores da Igreja com Pedro e com os seus sucessores: significa que devemos ser Pastores para a unidade e na unidade, e que só na unidade, de que Pedro é símbolo, guiamos verdadeiramente para Cristo.

Bento XVI
29 de Junho de 2011

Temos necessidade deste orvalho de Deus para darmos fruto



Ao dar a seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer em Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19)

Deus prometera, por meio dos profetas, que nos últimos tempos derramaria o seu Espírito sobre os seus servos e servas para que recebessem o dom da profecia. Por isso, o Espírito Santo desceu sobre o Filho de Deus, que se fez Filho do homem, habituando-se com ele a conviver com o gênero humano, a repousar sobre os homens e a morar na criatura de Deus. Assim renovava os homens segundo a vontade do Pai, fazendo-os passar da sua antiga condição para a vida nova em Cristo.

São Lucas nos diz que esse Espírito, depois da ascensão do Senhor, desceu sobre os discípulos no dia de Pentecostes, com o poder de dar a vida nova a todos os povos e de fazê-los participar da Nova Aliança. Eis por que, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações.

Foi por isso que o Senhor prometeu enviar o Paráclito, que os tornaria capazes de receber a Deus. Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto.

Com efeito, nossos corpos receberam, pela água do batismo, aquela unidade que os torna incorruptíveis; nossas almas, porém, a receberam pelo Espírito.

O Espírito de Deus desceu sobre o Senhor como espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e de temor de Deus (Is 11,2). É este mesmo Espírito que o Senhor por sua vez deu à Igreja, enviando do céu o Paráclito sobre toda a terra, daquele céu de onde também Satanás caiu como um relâmpago (cf. Lc 10,18).

Por esse motivo, temos necessidade deste orvalho da graça de Deus para darmos fruto e não sermos lançados ao fogo, e para que também tenhamos um Defensor onde temos um acusador. Pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o cuidado da sua criatura, daquele homem que caíra nas mãos dos ladrões e a quem ele, cheio de compaixão, enfaixou as feridas e deu dois denários reais. Tendo assim recebido pelo Espírito a imagem e a inscrição do Pai e do Filho, façamos frutificar os dons que nos foram confiados e os restituamos multiplicados ao Senhor.

Do Tratado contra as heresias, de Santo Irineu, bispo

(Lib. 3,17,1-3:SCh34,302-306)

(Séc.II)


Assembleia Geral dos Bispos

Caro leitor, começou nesta quarta-feira, 18, a 50ª Assembleia Geral dos Bispos da CNBB. O encontro  acontece no Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho de Almeida, ao lado do Santuário Nacional, em Aparecida (SP), somos 309 bispos, sendo 29 deles eméritos (dados do site da CNBB).
Neste ano o tema central da assembleia é ‘A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja’. Também serão eleitos os delegados que representarão o episcopado brasileiro no próximo Sínodo dos Bispos que abordará assuntos referentes à Nova Evangelização.
Outro assunto que será discutido durante a 50ª Assembleia será o Ano da Fé, que tem início em outubro.
Rezem pelos trabalhos do nosso episcopado brasileiro, para que Cristo o Bom Pastor nos guie neste momento histórico da Igreja no Brasil. 

Obrigado, nosso Deus!

Para o poeta Tagore, "cada criatura, ao nascer, traz-nos a mensagem de que Deus ainda não perdeu a esperança nos homens". Deus continua investindo em mim, da-me as condições necessárias para realizar o seu projeto. Agradeço a Deus pelo dom da vida e, ao mesmo tempo, reflito sobre as primaveras vividas, muitas delas parecendo estação de "inverno". Tais invernos foram testes e os mesmos  foram vivenciados  colocando confiança de poder tudo Naquele que me deu força. Assistido por Ele prossegui minha missão e hoje vivo uma bela primavera, a primavera dos 60 anos. Não desejo voltar atrás. Renovo o compromisso de olhar para frente, viver a vida como dom a cada dia e  continuar a missão que Ele, desde toda a eternidade, reservou para mim. Devo  prosseguir na humildade, pois esta é a virtude que nasce de minhas  fraquezas. É minha missão, como sucessor dos Apóstolos, ser homem de Deus, ser pai e pastor do rebanho  segundo o coração de Cristo.
Agradeço a Deus em poder celebrar aqui, nesta Igreja Particular, meu segundo aniversário. A todos os que me aceitam como enviado por Deus, agradeço pela acolhida. Respeito quem não caminha comigo. Meu profundo desejo é viver a  comunhão com todos e, para tanto, rezo pela unidade entre nós, unidade esta tão desejada pelo Mestre Jesus.
Juntos, na comunhão, participação e missão, continuaremos valorizando a cultura da vida e, através da partilha dos dons que de Deus gratuitamente recebemos,  vamos partilhá-los também na gratuidade para fortalecer o Reino da vida, alicerçado na comunhão.
Pela minha vida, pela sua vida, pelo meu ministério, pelo seu ministério, Obrigado, meu Senhor. A vida é dom para todos nós. Por isso hoje e sempre proclamamos: Obrigado, nosso Deus.


Foz do Iguaçu, 14 de abril de 2012.

VIDA SIM!

Caro leitor, é lamentável ver em nosso país o tema do aborto ser tratado como se fosse normal. Lamentável também é algumas poucas pessoas se acharem no direito de decidirem sobre a vida de outras pessoas, ainda mais quando se trata da " pena de morte"  daqueles que ainda não nasceram. Somos a Igreja de Jesus Cristo e testemunhamos a VIDA! Vida que brota do coração de Deus! 
É preciso que neste momento unamos a nossa voz pela VIDA, sendo contrários a decisão de aprovação do aborto.
É Tempo Pascal! Tempo de testemunhar a Vida que brotou da cruz de Jesus. Tempo se anunciar a Vida que nos garante o Redentor do homem... Tempo de ser contrário a toda cultura de morte...

Para nossa reflexão, eis a nota do irmão no episcopado Dom João Carlos Petrini - Bispo de Camaçari -BA e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB:

***

O nascimento de uma criança portadora de anencefalia é um drama para a família e, especialmente para a mãe, e é justo pensar a formas de ajuda, de apoio, de manifestação de solidariedade com a mãe para que ela não se sinta sozinha para enfrentar esse drama. Persuadi-la que o melhor é abortar o seu filho, revestindo de legalidade o ato de eliminar o filho-problema não é a melhor resposta, não usa plenamente a razão porque não leva em consideração todos os fatores presentes. Não considera o drama que acompanhará aquela mulher pela decisão de expulsar o próprio bebê do seu ventre, pela incapacidade de acolhê-lo incondicionalmente. Não considera o direito do filho a nascer, não reconhece seu direito inalienável à vida, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição do Brasil.

Uma postura de reta razão procurará implementar ações de prevenção para que não mais apareçam fetos anencefálicos, difundindo em larga escala o uso de ácido fólico entre as mulheres em idade fértil, reconhecidamente capaz de prevenir essa  doença a custo muito baixo. 
A objeção de que o feto anencefálico é destinado a morrer em breve tempo não se sustenta. Quem pode determinar qual o prazo mínimo para que uma vida humana seja acolhida ou rejeitada? Podendo prever a morte daqueles que não chegam à maturidade, iríamos eliminá-los também? Por acaso há alguém que nasce e não tem como meta a morte?

Alguns princípios constituem como colunas que sustentam a vida social. O mais importante deles é a inviolabilidade da vida humana por se tratar não de “alguma coisa” mas sempre de alguém que não é nossa fabricação, por isso, é indisponível. Uma vida inocente não pode ser negociada: nem no mercado, nem nos parlamentos e nem nos tribunais.

 Abrindo exceção a esse princípio, abre-se uma brecha não só na lei e na prática do aborto, mas na consciência das pessoas: entende-se que uma vida que traz problemas pode ser eliminada. A sentença do Superior Tribunal Federal não só regulamenta um tema problemático, mas tem um extraordinário poder de formar a consciência coletiva. A recente difusão da violência no Brasil está certamente associada a discussões e decisões que abrem brechas na inviolabilidade da vida humana. 

A Comissão Episcopal para a Vida e a Família espera dos cristãos uma postura mais clara e explícita de valorização da vida desde a concepção até a morte natural, dando testemunho que os possíveis dramas, quando abraçados com amor, tornam-se fonte de maturidade, riqueza humana extraordinária. Não fugir do drama, mas abraça-lo contando com a potência divina que vence a morte é o caminho de uma dignidade e de uma grandeza humanas sem comparação. Esta postura, na contramão da cultura da banalidade hoje dominante que desvaloriza tudo, inclusive a vida humana em formação no ventre materno, pode documentar que a morte não é a verdadeira solução para os problemas humanos, a solução é o amor que é mais forte que a morte, esse amor nos é doado por Cristo que duelou com a morte e a venceu. Disso nós somos testemunhas".

+ João Carlos Petrini
Bispo de Camaçari - Ba

*Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e Família da CNBB


Um sacerdote nunca se pertence a si mesmo!

Amados irmãos e irmãs!

Nesta Santa Missa, o nosso pensamento volta àquela hora em que o Bispo, através da imposição das mãos e da oração consacratória, nos integrou no sacerdócio de Jesus Cristo, para sermos «consagrados na verdade» (Jo 17, 19), como Jesus pediu ao Pai na sua Oração Sacerdotal. Ele mesmo é a Verdade. Consagrou-nos, isto é, entregou-nos para sempre a Deus, a fim de que, a partir de Deus e em vista d’Ele, pudéssemos servir os homens. Mas somos também consagrados na realidade da nossa vida? Somos homens que actuam a partir de Deus e em comunhão com Jesus Cristo? Com esta pergunta, o Senhor está diante de nós, e nós diante d’Ele. «Quereis viver mais intimamente unidos a Cristo e configurar-vos com Ele, renunciando a vós mesmos e permanecendo fiéis aos compromissos que, por amor de Cristo e da sua Igreja, aceitastes alegremente no dia da vossa Ordenação Sacerdotal?» Tal é a pergunta que, depois desta homilia, será dirigida singularmente a cada um de vós e a mim mesmo. Nela, são pedidas sobretudo duas coisas: uma união íntima, mais ainda, uma configuração a Cristo e, condição necessária para isso mesmo, uma superação de nós mesmos, uma renúncia àquilo que é exclusivamente nosso, à tão falada auto-realização. É-nos pedido que não reivindique a minha vida para mim mesmo, mas a coloque à disposição de outrem: de Cristo. Que não pergunte: Que ganho eu com isso? Mas sim: Que posso eu doar a Ele e, por Ele, aos outros? Ou mais concretamente ainda: Como se deve realizar esta configuração a Cristo, que não domina mas serve, não toma mas dá. Como se deve realizar na situação tantas vezes dramática da Igreja de hoje? Recentemente, num país europeu, um grupo de sacerdotes publicou um apelo à desobediência, referindo ao mesmo tempo também exemplos concretos de como exprimir esta desobediência, que deveria ignorar até mesmo decisões definitivas do Magistério, como, por exemplo, na questão relativa à Ordenação das mulheres, a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer autorização para o fazer. Será a desobediência um caminho para renovar a Igreja? Queremos dar crédito aos autores deste apelo quando dizem que é a solicitude pela Igreja que os move, quando afirmam estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das Instituições com meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos tempos de hoje. Mas será verdadeiramente um caminho a desobediência? Nela pode-se intuir algo daquela configuração a Cristo que é o pressuposto para toda a verdadeira renovação, ou, pelo contrário, não é apenas um impulso desesperado de fazer qualquer coisa, de transformar a Igreja segundo os nossos desejos e as nossas ideias?

Mas o problema não é assim tão simples. Porventura Cristo não corrigiu as tradições humanas que ameaçavam sufocar a palavra e a vontade de Deus? É verdade que o fez, mas para despertar novamente a obediência à verdadeira vontade de Deus, à sua palavra sempre válida. O que Ele tinha a peito era precisamente a verdadeira obediência, contra o arbítrio do homem. E não esqueçamos que Ele era o Filho, com a singular autoridade e responsabilidade de desvendar a autêntica vontade de Deus, para deste modo abrir a estrada da palavra de Deus rumo ao mundo dos gentios. E, por fim, Ele concretizou o seu mandato através da sua própria obediência e humildade até à Cruz, tornando assim credível a sua missão. Não se faça a minha vontade, mas a tua: esta é a palavra que revela o Filho, a sua humildade e conjuntamente a sua divindade, e nos indica a estrada.



Deixemo-nos interpelar por mais uma questão: Não será que, com tais considerações, o que na realidade se defende é o imobilismo, a rigidez da tradição? Não! Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja, a presença e a acção eficaz do Espírito Santo. E se olharmos para as pessoas de quem dimanaram, e dimanam, estes rios pujantes de vida, vemos também que, para uma nova fecundidade, se requer o transbordar da alegria da fé, a radicalidade da obediência, a dinâmica da esperança e a força do amor.

Queridos amigos, daqui se vê claramente que a configuração a Cristo é o pressuposto e a base de toda a renovação. Mas talvez a figura de Cristo nos apareça por vezes demasiado alta e grande para podermos ousar tomar as suas medidas. O Senhor sabe-o. Por isso providenciou «traduções» em ordens de grandeza mais acessíveis e próximas de nós. Precisamente por este motivo, São Paulo resolutamente diz às suas comunidades: Imitai-me, mas eu pertenço a Cristo. Ele era para os seus fiéis uma «tradução» do estilo de vida de Cristo, que eles podiam ver e à qual podiam aderir. A partir de Paulo e ao longo de toda a história, existiram continuamente tais «traduções» do caminho de Jesus em figuras históricas vivas. Nós, sacerdotes, podemos pensar numa série imensa de sacerdotes santos que vão à nossa frente para nos apontar a estrada, a começar por Policarpo de Esmirna e Inácio de Antioquia, passando por grandes Pastores como Ambrósio, Agostinho e Gregório Magno, depois Inácio de Loiola, Carlos Borromeu, João Maria Vianney, até chegar aos sacerdotes mártires do século XX e, finalmente, ao Papa João Paulo II, que, na acção e no sofrimento, nos serviu de exemplo na configuração a Cristo, como «dom e mistério». Os Santos indicam-nos como funciona a renovação e como podemos servi-la. E fazem-nos compreender também que Deus não olha para os grandes números nem para os êxitos exteriores, mas consegue as suas vitórias sob o sinal humilde do grão de mostarda.

Queridos amigos, queria ainda, brevemente, acenar a duas palavras-chave da renovação das promessas sacerdotais, que deveriam induzir-nos a reflectir nesta hora da Igreja e da nossa vida pessoal. Em primeiro lugar, é-nos recordado o facto de sermos – como se exprime Paulo - «dispensadores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1) e que nos incumbe o ministério de ensinar, o (munus docendi), que constitui precisamente uma parte desta distribuição dos mistérios de Deus, onde Ele nos mostra o seu rosto e o seu coração, para Se dar a Si mesmo. No encontro dos Cardeais por ocasião do recente Consistório, diversos Pastores, baseando-se na sua experiência, falaram dum analfabetismo religioso que cresce no meio desta nossa sociedade tão inteligente. Os elementos fundamentais da fé, que no passado toda e qualquer criança sabia, são cada vez menos conhecidos. Mas, para se poder viver e amar a nossa fé, para se poder amar a Deus e, consequentemente, tornar-se capaz de O ouvir correctamente, devemos saber aquilo que Deus nos disse; a nossa razão e o nosso coração devem ser tocados pela sua palavra. O Ano da Fé, a comemoração da abertura do Concílio Vaticano II há 50 anos, deve ser uma ocasião para anunciarmos a mensagem da fé com novo zelo e nova alegria. Esta mensagem, na sua forma fundamental e primária, encontramo-la naturalmente na Sagrada Escritura, que não leremos nem meditaremos jamais suficientemente. Nisto, porém, todos sentimos necessidade de um auxílio para a transmitir rectamente no presente, de modo que toque verdadeiramente o nosso coração. Este auxílio encontramo-lo, em primeiro lugar, na palavra da Igreja docente: os textos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica são os instrumentos essenciais que nos indicam, de maneira autêntica, aquilo que a Igreja acredita a partir da Palavra de Deus. E naturalmente faz parte de tal auxílio todo o tesouro dos documentos que o Papa João Paulo II nos deu e que está ainda longe de ser cabalmente explorado.



Todo o nosso anúncio se deve confrontar com esta palavra de Jesus Cristo: «A minha doutrina não é minha» (Jo 7, 16). Não anunciamos teorias nem opiniões privadas, mas a fé da Igreja da qual somos servidores. Isto, porém, não deve naturalmente significar que eu não sustente esta doutrina com todo o meu ser e não esteja firmemente ancorado nela. Neste contexto, sempre me vem à mente o seguinte texto de Santo Agostinho: Que há de mais meu do que eu próprio? E no entanto que há de menos meu do que o sou eu mesmo? Não me pertenço a mim próprio e torno-me eu mesmo precisamente pelo facto de me ultrapassar a mim próprio e é através da superação de mim próprio que consigo inserir-me em Cristo e no seu Corpo que é a Igreja. Se não nos anunciamos a nós mesmos e se, intimamente, nos tornamos um só com Aquele que nos chamou para sermos seus mensageiros de tal modo que sejamos plasmados pela fé e a vivamos, então a nossa pregação será credível. Não faço publicidade de mim mesmo, mas dou-me a mim mesmo. Como sabemos, o Cura d’Ars não era um erudito, um intelectual. Mas, com o seu anúncio, tocou os corações das pessoas, porque ele mesmo fora tocado no coração.

A última palavra-chave, a que ainda queria aludir, designa-se zelo das almas (animarum zelus). É uma expressão fora de moda, que hoje já quase não se usa. Nalguns ambientes, o termo «alma» é até considerado como palavra proibida, porque – diz-se – exprimiria um dualismo entre corpo e alma, cometendo o erro de dividir o homem. Certamente o homem é uma unidade, destinada com corpo e alma à eternidade. Mas isso não pode significar que já não temos uma alma, um princípio constitutivo que garante a unidade do homem durante a sua vida e para além da sua morte terrena. E, enquanto sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente com o homem inteiro, incluindo precisamente as suas necessidades físicas: com os famintos, os doentes, os sem-abrigo; contudo, não nos preocupamos apenas com o corpo, mas também com as necessidades da alma do homem: com as pessoas que sofrem devido à violação do direito ou por um amor desfeito; com as pessoas que, relativamente à verdade, se encontram na escuridão; que sofrem por falta de verdade e de amor. Preocupamo-nos com a salvação dos homens em corpo e alma. E, enquanto sacerdotes de Jesus Cristo, fazemo-lo com zelo. As pessoas não devem jamais ter a sensação de que o nosso horário de trabalho cumprimo-lo conscienciosamente, mas antes e depois pertencemo-nos apenas a nós mesmos. Um sacerdote nunca se pertence a si mesmo. As pessoas devem notar o nosso zelo, através do qual testemunhamos de modo credível o Evangelho de Jesus Cristo. Peçamos ao Senhor que nos encha com a alegria da sua mensagem, a fim de podermos servir, com jubiloso zelo, a sua verdade e o seu amor. Amém.

*Homilia do Santo Padre Bento XVI na Missa do Crisma 05/04/2012

Eterno como o Pai

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

Gloriemo-nos também nós na Cruz do Senhor!
A Paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e exemplo de paciência.

Haverá alguma coisa que não possam esperar da graça divina os corações dos fiéis, pelos quais o Filho unigênito de Deus, eterno como o Pai, não apenas quis nascer como homem entre os homens, mas quis também morrer pelas mãos dos homens que tinha criado?

Grandes coisas o Senhor nos promete no futuro! Mas o que ele já fez por nós e agora celebramos é ainda muito maior. Onde estávamos ou quem éramos, quando Cristo morreu por nós pecadores? Quem pode duvidar que ele dará a vida aos seus fiéis, quando já lhes deu até a sua morte? Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que um dia os homens viverão em Deus?

Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens.

Quem é Cristo senão aquele que no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus: e a Palavra era Deus? (Jo 1,1). Essa Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Se não tivesse tomado da nossa natureza a carne mortal, Cristo não teria possibilidade de morrer por nós. Mas deste modo o imortal pôde morrer e dar sua vida aos mortais. Fez-se participante de nossa morte para nos tornar participantes da sua vida. De fato, assim como os homens, pela sua natureza, não tinham possibilidade alguma de alcançar a vida, também ele, pela sua natureza, não tinha possibilidade alguma de sofrer a morte.

Por isso entrou, de modo admirável, em comunhão conosco: de nós assumiu a mortalidade, o que lhe possibilitou morrer; e dele recebemos a vida.

Portanto, de modo algum devemos envergonhar-nos da morte de nosso Deus e Senhor; pelo contrário, nela devemos confiar e gloriar-nos acima de tudo. Pois tomando sobre si a morte que em nós encontrou, garantiu com total fidelidade dar-nos a vida que não podíamos obter por nós mesmos.

Se ele tanto nos amou, a ponto de, sem pecado, sofrer por nós pecadores, como não dará o que merecemos por justiça, fruto da sua justificação? Como não dará a recompensa aos justos, ele que é fiel em suas promessas e, sem pecado, suportou o castigo dos pecadores?

Reconheçamos corajosamente, irmãos, e proclamemos bem alto que Cristo foi crucificado por amor de nós; digamos não com temor, mas com alegria, não com vergonha, mas com santo orgulho.

O apóstolo Paulo compreendeu bem esse mistério e o proclamou como um título de glória. Ele, que teria muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis – por exemplo, que sendo Cristo Deus como o Pai, criou o mundo; e, sendo homem como nós, manifestou o seu domínio sobre o mundo – mas afirmou: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo (Gl 6,14).

(Sermo Guelferbytanus 3:PLS 2,545-546)

(Séc.V)


Encontro Internacional


O diálogo entre cristãos e muçulmanos pode começar facilmente a partir de Maria (Vittorio Messoni). Por isso nós estamos juntos em torno de Maria, a Virgem e Mãe de Jesus. Necessitamos aprender e acolher o outro em sua diferença, e aprender que ele me deve suportar em minha diferença, para convertermo-nos em um “nós” (Bento XVI). Maria une Cristãos e Muçulmanos em suas diferenças porque ela foi defensora da vida.

Queremos a paz na humanidade e entre as religiões. A violência é contrária a cultura da vida porque ela desumaniza. Maria foi uma mulher forte, promotora e defensora da vida tanto do idoso como do nascituro. Ela por primeiro assumiu a Pastoral da Pessoa Idosa, ao visitar Isabel.

Homenagear Maria, neste momento, é para nós cristãos e muçulmanos, uma excelente oportunidade para a convivência fraterna e incentivo para a paz entre as duas maiores religiões mundiais. Neste encontro Internacional veneramos Maria. Nós cristãos, como Mãe de Deus; e os muçulmanos como mãe do Profeta Jesus. Ela é a mulher mais importante para os muçulmanos porque gerou o Profeta Jesus.

Por isso é a única mulher chamada pelo nome no Alcorão Sagrado – Máryam, considerada pelos muçulmanos a mulher mais perfeita, que engravidou pelo poder do divino. No Alcorão Maria ocupa todo um capítulo, citada como mãe de Jesus 34 vezes no mesmo livro; o Profeta Jesus é mencionado 25 vezes. Para nós cristãos a presença de Maria no contexto corânico é muitas vezes uma surpresa. Semelhanças surpreendentes. No Alcorão Máryam é louvada como “pura” é chamada “aquela que permaneceu Virgem”; “aquela que permaneceu fiel a Deus”.

Na Bíblia Sagrada Maria é citada algumas vezes sendo que sua escolha para gerar o Filho de Deus é a mais comentada. Ela é venerada pelos católicos por ser modelo de fé, amor, oração, mulher servidora que se põe a caminho para, na sua sensibilidade materna, manifestar solidariedade a sua prima Isabel.
Estamos juntos cristãos e muçulmanos, nesta hora mariana de louvor porque não obstante as diferenças, o que nos trouxe para este encontro fraterno é o respeito, o conhecimento mútuo, o reconhecimento afetivo da dignidade de toda a pessoa humana.

Neste encontro Internacional Cristão-Muçulmano, ao exaltarmos Maria, exemplo de mãe servidora para todos nós, desejamos renovar o compromisso de dar tratamento atencioso para as mães e para as crianças em nosso País e no mundo, através da Pastoral da Criança, conhecida em muitos países, graças ao trabalho da Dra. Zilda Arns (in memoriam). Salvar vidas é preciso, principalmente as mais indefesas como as crianças desnutridas e suas mães, idosos, pessoas estas consideradas descartáveis pela sociedade excludente. Têm estas pessoas o rosto sofrido que doe em nós (cf DA).

Queremos que neste encontro as famílias conheçam os exemplos de Maria, mãe servidora
Que em Foz do Iguaçu, sede deste encontro, terra que Deus escolheu para revelar a beleza da natureza através das Cataratas, no espaço da Itaipu Binacional onde a natureza expressa toda a sua força, que o encontro com o Deus que seguimos, sua força nos impulsione sempre mais à comunhão entre as religiões através do diálogo interreligioso, visando a vida, principalmente de nossas crianças.
Este é o exemplo que Maria deixou para todos nós. De mãos dadas continuemos edificando a cultura da vida e do amor.

Bem vindos ao Encontro Internacional Cristão-Muçulmano em Foz do Iguaçu, região abençoada por Deus pela Tríplice Fronteira, pela maravilha que o Criador nos deu – as Cataratas, pela segunda maior hidroelétrica do mundo.
Com Maria, hoje proclamamos o que diz o hino de Foz do Iguaçu: SIM, MIL GRAÇAS VOS DOU POR TANTA BELEZA Ó SENHOR!




Guarda fiel e providente

Dos Sermões de São Bernardino de Sena, presbítero

(Sermo 2, de S.Ioseph:Opera7,16.27-30)
(Séc.XV)

Guarda fiel e providente
É esta a regra geral de todas as graças especiais concedidas a qualquer criatura racional: quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício de sua missão.

Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da rainha do mundo e senhora dos anjos. Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse: Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21).

Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: acaso não é ele o homem especialmente escolhido,por quem e sob cuja proteção se realizou a entrada de Cristo no mundo de modo digno e honesto? Se, portanto, toda a santa Igreja tem uma dívida para com a Virgem Mãe, por ter recebido a Cristo por meio dela, assim também, depois dela, deve a São José uma singular graça e reverência.

Ele encerra o Antigo Testamento; nele a dignidade dos patriarcas e dos profetas obtém o fruto prometido. Mas ele foi o único que realmente possuiu aquilo que a bondade divina lhes tinha prometido.

E não duvidemos que a familiaridade, o respeito e a sublimíssima dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como um filho para com seu pai, certamente também nada disso lhe negou no céu, mas antes, completou e aperfeiçoou.

Por isso, não é sem razão que o Senhor lhe declara: Vem participar da alegria do teu Senhor! Embora a alegria da felicidade eterna penetre no coração do homem, o Senhor preferiu dizer: Vem participar da alegria. Quis assim insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o envolve de todos os lados e o absorve e submerge como um abismo sem fim.

Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém.
 

Rumos e riscos

Para você meu leitor, uma reflexão do amigo e irmão Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo de Belo Horizonte. 

* * *

A cidadania como vivência de deveres e direitos inclui também o compromisso e o desafio de lançar, permanentemente, um olhar perscrutador sobre a realidade. A grande responsabilidade cidadã quanto aos rumos da história precisa sempre ser destacada. Já agora, na segunda década deste terceiro milênio, as análises vão estampando as marcas históricas do século 20, construídas em grande parte pela intervenção humana. 


Os avanços e conquistas foram incontáveis. Até admiráveis, quando se contabilizam os progressos científicos, os engenhos tecnológicos, a força sedutora, por isso não menos pesada, do fenômeno da globalização. Mudanças determinantes, ditadas pela ciência e pela tecnologia, que têm avançado inteligentemente - seja pela capacidade de manipular geneticamente a própria vida dos seres vivos, ou a de criar uma rede de comunicação de alcance mundial. 


Este é um tempo no qual a história alcançou uma aceleração espaventosa produzindo mudanças grandes. No Documento de Aparecida, nº 35, os bispos latino-americanos e caribenhos sublinham que “essa nova escala mundial do fenômeno humano traz consequências em todos os campos da vida social, impactando a cultura, a economia, a política, as ciências, a educação, o esporte, as artes e também, naturalmente, a religião”. Estas transformações, em razão dos rumos tomados ou dados, têm atingido de maneira preocupante o tesouro que pertence à pessoa humana, a abertura à transcendência.


O tesouro da pessoa humana não pode ser resumido apenas no que é admirável nas conquistas científicas e tecnológicas. Aqui se põe um enorme desafio, que inclui a compreensão do indivíduo na sua abertura sacrossanta para a transcendência, como algo seu constitutivo e inalienável. Sua desconsideração, ignorância ou manipulação, em razão de interesses utilitaristas, produz prejuízos e riscos para os rumos da história. Como no passado, agora também, e de maneira não menos preocupante, temos o horizonte da sociedade contemporânea povoado de relativizações éticas advindas do fechamento e da incompetência para a compreensão e vivência deste tesouro que é a abertura à transcendência.


É irrenunciável o princípio de que a pessoa humana é aberta ao infinito, isto é, a Deus. Esta abertura é caminho para a verdade e para o bem absolutos. Também é esta comunhão com Deus que capacita para o encontro com o outro e com o mundo. Sem esta abertura ao transcendente nenhuma pessoa consegue sair de si. Torna-se prisioneira, facilmente e cotidianamente, de uma condição egoística da própria vida. É a transcendência que capacita a pessoa a entrar numa relação de diálogo e de comunhão. A sociedade não pode e não consegue, com o indispensável equilíbrio, organizar-se e configurar-se sem que se respeite e se cultive a capacidade própria da pessoa de transcender.


É ilusão pensar e buscar uma sociedade justa quando se desrespeita a dignidade transcendente da pessoa humana. O primado de cada ser humano tem a prerrogativa de orientar a consciência e definir direções e configurações para todos os programas sociais, científicos e culturais. Não sendo assim, a pessoa será, inevitavelmente, instrumentalizada para projetos econômicos, social, político, por qualquer autoridade. Não raramente, em nome de pretensos progressos e da modernização da comunidade civil. Aqui está o “nó difícil de desatar” da questão ética na sociedade contemporânea, pensando mais diretamente a de nosso país. Todos são chamados a refletir sobre o futuro que deve ser buscado, o que exige o princípio irrenunciável da transcendência. Num rol de muitas questões sérias e preocupantes, devemos incluir a que trata sobre a grave cultura abortista, a investida irracional contra símbolos religiosos, ou a morosidade ética para a convicção da aplicação da chamada “Lei da Ficha Limpa”.


A orquestração que órgãos internacionais fazem ao celebrar acordos, por exemplo, com países emergentes da América Latina, beneficiando projetos para o desenvolvimento, em troca de controle demográfico que fomentam posições e entendimentos favoráveis ao crime do aborto, merece reação e posicionamento claro de todos. 


Há manipulações na compreensão envolvendo os direitos da mulher para construir argumentos que justifiquem o atentado homicida contra a vida do nascituro. Este equívoco, resultado da falta de sentido e respeito à transcendência, atinge a família, num claro desígnio de sua desconstrução e vai se infiltrando no sistema educacional. Estes rumos estão produzindo riscos graves. É preciso reagir e lutar pelo respeito e obediência ao princípio da transcendência.





 Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte 

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