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Acontecimentos que Marcaram a Vida Eclesial da Diocese de Foz do Iguaçu nos últimos 2 anos
Caro leitor e seguidor do blog, ao concluirmos o ano de 2012, completarei dois anos (30/12/2012) como Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu.
Apresento aqui alguns acontecimentos que marcaram a vida eclesial diocesana neste período.
01 – O início do Diaconado Permanente – embora já tão difundido na Igreja, aqui em Foz notou-se uma grande resistência para tanto, mas vencidas estas, temos na Escola São Felipe quatro candidatos indo para o 2º ano. Além disso possuímos uma Pré Escola aqui de onde sairão os futuros alunos, nela acompanhamos este ano 14 candidatos. Ainda mais, sou o grande incentivador nesta Província Eclesiástica para a criação da Escola Diaconal em Cascavel, tudo promete que já se inicie em 2013.
02 – Aqui, eram chamados de MAC – Ministros Auxiliares da Comunidade e tinham um mandato indefinido, muitas vezes causando problemas nas Paróquias. Conforme documentos da Igreja passamos a denominá-los como MESC – Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão. Além disso estipulamos o 1º mandato de 04 anos podendo renovar por mais 04 anos, aqueles que fossem admitidos a partir de 2011. Já os que estão antes disso, tiveram seus mandatos renovados até final de 2014, quando então servirão em outra atividade na Igreja.
03 – Em 2011 se vivia o último ano do 11º Plano da Ação Evangelizadora da Diocese e mesmo recém chegado na Diocese conseguimos elaborar o 12º Plano da Ação Evangelizadora e com grandes inovações, dando à esta Igreja Particular novos caminhos e oportunidades de ação.
04 – Tínhamos aqui os chamados Vicariatos, contudo, não existia uma compreensão muito clara das Pastorais que faziam parte de tais Vicariatos. Criamos assim as Comissões Diocesanas, ou seja, são 12(doze) Comissões dentro das quais estão bem situadas as Pastorais afins.
05 – Bom, quando se fala então das Obras da Catedral nova, aliás, das obras da Catedral, pois a diocese ainda não possuía uma Catedral. Trata-se de um projeto arrojado e caro, mas estamos prosseguindo com coragem e muito trabalho e nos alegra muito ver os avanços nestes dois últimos anos.
06 – O Seminário Menor está localizado em Medianeira, cerca de 50 Km de Foz, situado em Zona Rural, mas a partir de 2013 está sendo transferido para Foz onde será possível dar um melhor acompanhamento e formação aos seminaristas menores e assim prepará-los para os próximos passos a serem dados.
07 – Tivemos também em 2012 a ordenação de um sacerdote para esta Diocese, Pe. Leandro Blasius.
08 – Apesar de nossa carência de sacerdotes, conseguimos liberar um padre para a Ação Evangelizadora.
09 – Dia 16/12/2012 – criação Paróquia Nossa Senhora das Graças, desmembrada da Catedral e Paróquia Nossa Senhora da Luz. No território da nova Paróquia estão presentes quase todas as Universidades de Foz do Iguaçu, inclusive a Nova Unila com atendimento previsto para 30 mil alunos.
10 – Formação da Pastoral Presbiteral.
11 – A Diocese de Foz acolheu neste ano quatro grandes Congressos, onde as Pastorais Diocesanas organizaram com grande êxito: O 17º Encontro de Marketing Católico; O Encontro entre Católicos e Muçulmanos – cujo tema refletiu sobre a figura de Maria; O Encontro Nacional da Pastoral da Criança; e O Encontro Nacional da Renovação Carismática Católica e o 1º Encontro Mundial da Juventude da Renovação Carismática.
12 – Uma organização da Liturgia Diocesana, para uma maior compreensão do Sagrado, organizou-se o CCA – Pastoral dos Coroinhas, Cerimoniários e “Acólitos”.
13 – Na área da Comunicação, nossa Diocese estava extremamente defasada, criou-se o Site da Diocese, muito bem elaborado e se resgatou o Jornal Diocesano parado já por vários anos, o nome do Jornal é PRECURSOR DIOCESANO. Além disso, ainda contratamos uma pessoa de período integral que nos ajuda a pensar o melhor neste sentido. Também foi instituído na Diocese duas vezes por ano o Café com a Imprensa – No início da Quaresma e lançamento da Campanha da Fraternidade e Final de ano na Campanha do Natal, tem sido excelente experiência.
14 – Encontros de Formação permanente para todo o Clero, duas vezes por ano, além de duas reuniões por ano com todo o Clero. Café com o Clero Diocesano, duas vezes por ano e também duas vezes no ano com os religiosos, antes do café a oração das laudes e bate papo.
15 – Em 2012, iniciei as Visitas Pastorais. Foram oito paróquias visitadas, todas das áreas pastorais 2 e 3, sendo: Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Itaipulândia), Paróquia Sagrada Família de Nazaré (Ramilândia), Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Missal), Paróquia São Miguel (São Miguel do Iguaçu), Paróquia Santo Antônio (Santa Helena), Paróquia Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças (Medianeira), Paróquia São José Operário (Céu Azul) e Paróquia Nossa Senhora de Fátima (Serranópolis do Iguaçu).
Que a luz da fé no Cristo Salvador nos ensine a amar como Ele nos amou. Feliz e abençoado Natal e que o novo ano que se aproxima seja marcado pela fé, amor, esperança, em comunhão com a juventude.
Posted in Diocese de Foz do Iguaçu
Na mesma Fé e na mesma Caridade
No dia do Papa, uma reflexão do querido irmão no episcopado Dom Henrique Soares. Manifeste seu amor ao Sucessor de Pedro com uma oração pelo Ministério que ele exerce em nossa Igreja Universal.
Hoje, a Igreja dispersa pelo mundo inteiro une-se à Igreja de
Deus que está em Roma para celebrar a solene comemoração do martírio dos
Apóstolos São Pedro e São Paulo que deram seu último e pleno testemunho de
Cristo, derramando seu sangue em Roma. No Brasil, esta comemoração acontece no
domingo seguinte ao 29 de junho. Ora, esta celebração em honra dos Santos
Apóstolos dá-nos a oportunidade para recordar a missão do Sucessor de Pedro na
Igreja de Cristo.
O Papa, como vigário de Cristo e sucessor de Pedro na Igreja, é o sinal visível da comunhão de todos os discípulos do Senhor na mesma fé e na mesma caridade, de modo que, com ele, todos cristãos, os fiéis e os pastores, devem estar em comunhão plena, sincera, leal e visível. Do mesmo modo, todas as Igrejas locais, isto é, todas as dioceses, devem estar em comunhão com a Igreja de Pedro, que é a Igreja (diocese) de Roma, que tem o Papa como seu Bispo. Foi em Roma que Pedro, que era o Bispo daquela Igreja, deu o seu último e decisivo testemunho de Cristo, por volta do ano 64 da nossa era, derramando seu sangue pelo Senhor, cravado, também ele, numa cruz. É comovente: o majestoso altar no qual o Papa celebra as Missas mais solenes na Basílica de São Pedro, é chamado Altar da Confissão. Ali, bem ali, metros abaixo, está sepultado Pedro! Ali, o Apóstolo confessou de modo perfeito, com seu sangue, que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus! Missão de Pedro, missão de seus Sucessores: testemunhar com a palavra e a vida que Jesus é o Cristo de Deus. Por isso o Papa usa sapatos vermelhos: para recordar que seus passos, como os de Pedro, não devem guiar-se pelo que é fácil, mas pelo testemunho fiel, até o sofrimento, até o derramamento de sangue...
O Papa não é um administrador e não tem um programa de governo ou um cronograma de atividades. Ele é uma testemunha: testemunha a fé da Igreja, expressa pelo Apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo! Só tu tens palavras de vida eterna!” Este serviço na Comunidade eclesial existe por vontade do próprio Senhor Jesus Cristo, de modo que não poderia jamais ser criado ou cancelado pela Igreja. Sim, com certeza certa: por expressa e clara vontade de Cristo, a Igreja tem como cabeça visível o Papa!
Esse ministério petrino não é uma monarquia absoluta, nos moldes dos reis e governantes deste mundo. O Papa não é o que manda; é o que serve à unidade da fé e do amor. Antes de ser obedecido, ele é o primeiro a obedecer Àquele que se fez obediente até a morte. Certamente, ele tem a autoridade que lhe foi conferida por Cristo para ligar e desligar, isto é, para admitir e excluir da Comunidade da Igreja, para punir e suspender a punição. Tem também a autoridade suprema de ensinar em nome e com a autoridade de Cristo. No entanto, é importante que tudo isso seja compreendido como um serviço, com o objetivo de manter a Igreja toda unida na fidelidade à mesma fé apostólica e à mesma caridade que o Espírito de Cristo derramou sobre a Igreja do Senhor.
Do mesmo modo que seria um erro ver no Papa um ditador ou um monarca absoluto, também seria um grave engano ver nele um líder democrático que somente poderia agir de acordo com a maioria e suas palavras, ensinamentos e decisões somente teriam valor se aprovados pelos membros da Igreja. Nunca foi isso que os cristãos creram, pensaram, viveram ou ensinaram! Na Igreja, a autoridade não provém do rebanho, mas do Pastor, Jesus Cristo: “Quem vos ouve, a mim ouve”. É ele quem escolhe e chama, conferindo autoridade aos que escolheu.
A atitude correta de um verdadeiro católico para com o Santo
Padre é aquela de sentimento filial, de reverência consciente e madura e de
atenção fiel aos seus ensinamentos. Mais ainda: quando o Papa ensina de modo
solene, no caso da proclamação de um dogma de fé, ou quando se pronuncia de
modo definitivo sobre alguma doutrina, mesmo que de modo não solene, nossa
adesão ao seu ensinamento deve ser não somente de respeito e acolhimento, mas
de adesão total, confiando que no seu ensinamento é o próprio Cristo que, no
Espírito Santo, recorda continuamente à Igreja tudo aquilo que tem relação com
a verdade da nossa salvação.
Infelizmente, nesta época de contestação em que vivemos, procura-se apresentar a autoridade na Igreja como uma simples autoridade humana, estribada nos jogos de poder tão comuns nos vários âmbitos da vida. Pensa-se num “Papa carismático” utilizando este adjetivo de modo totalmente mundano: carismático como engraçado, pop, comunicativo. No cristianismo, “carismático” é quem recebeu um “carisma” isto é, uma graça especial do Senhor. Todo Papa é carismático porque recebeu o carisma do ministério petrino! É um erro mundanizar e vulgarizar as coisas sagradas. Os católicos não podem cair nesta armadilha. No entanto, não é raro ver-se até ministros ordenados ou religiosos falando ou mesmo agindo em dissenso com o Papa. Tivemos a tristeza de experimentar essa realidade, escancarada na televisão, nos jornais e na internet, entre o final do pontificado do Beato João Paulo II e o início do ministério pastoral do Papa Bento XVI. Um sabichão de plantão, sem nenhum compromisso efetivo com a Igreja, chegou até a profetizar em nome próprio que “esse Papa jamais será amado”. Errou. O Papa já é e será sempre amado pelos verdadeiros católicos com um amor que nasce da fé. Amado por ser um homem de Deus, amado por seu amor entranhado a Cristo, amado por ser simples, amado por ser sincero, amado por ser sábio nas coisas de Deus, amado por ser manso, amado por ter suportado mentiras, calúnias e perseguições morais por amor ao Reino de Deus, mas, amado sobretudo por ser, pura e simplesmente, o Papa, Sucessor de Pedro, Vigário de Cristo.
Acompanhemos o nosso Santo Padre com nossa oração e nosso afeto. Nós o conhecemos e o chamamos Bento; mas, na verdade, o seu nome é Pedro, a pedra sobre a qual o Senhor continuamente edifica a sua Igreja.
Assembleia Geral dos Bispos
Caro leitor, começou nesta quarta-feira, 18, a 50ª Assembleia Geral dos Bispos da CNBB. O encontro acontece no Centro de Eventos Pe. Vitor Coelho de Almeida, ao lado do Santuário Nacional, em Aparecida (SP), somos 309 bispos, sendo 29 deles eméritos (dados do site da CNBB).
Neste ano o tema central da assembleia é ‘A Palavra de Deus na vida e missão da Igreja’. Também serão eleitos os delegados que representarão o episcopado brasileiro no próximo Sínodo dos Bispos que abordará assuntos referentes à Nova Evangelização.
Outro assunto que será discutido durante a 50ª Assembleia será o Ano da Fé, que tem início em outubro.
Outro assunto que será discutido durante a 50ª Assembleia será o Ano da Fé, que tem início em outubro.
Rezem pelos trabalhos do nosso episcopado brasileiro, para que Cristo o Bom Pastor nos guie neste momento histórico da Igreja no Brasil.
Papa Bento XVI - 85 anos de vida
Parabéns, Santo Padre, pelos 85 anos de vida a serviço do Senhor Jesus!
Deus o abençoe!
Deus lhe conceda muitos anos de vida!
O Senhor lhe dê o consolo do carinho e da obediência filial do Povo de Deus!
Deus o abençoe!
Deus lhe conceda muitos anos de vida!
O Senhor lhe dê o consolo do carinho e da obediência filial do Povo de Deus!
"Que o Senhor te escute no dia da aflição,
e o Deus de Jacó te proteja por seu nome!
Que do seu santuário te envie seu auxílio
e te ajude do alto, do Monte de Sião!
Que de todos os teus sacrifícios se recorde,
e os teus holocaustos aceite com agrado!
Atenda os desejos que tens no coração;
plenamente ele cumpra as tuas esperanças!
Com a vossa vitória então axultaremos,
levatando as bandeiras em nome do Senhor.
Que o Senhor te escute e atenda os teus pedidos!
E agora estou certo de que Deus dará a vitória,
que o Senhor há de dar a vitória a seu Ungido;
que haverá de atendê-lo do excelso santuário,
pela força e poder de sua mão vitoriosa.
Uns confiam nos carros e outros nos cavalos;
nós, porém, somos fortes no nome do Senhor.
Todos eles, tombando, caíram pelo chão;
nós ficamos de pé e assim resistiremos.
Ó Senhor, dai vitória e salvai o nosso rei,
e escutai-nos no dia em que nós o invocarmos!"
(Salmo 19)
Um sacerdote nunca se pertence a si mesmo!

Nesta Santa Missa, o nosso pensamento volta àquela hora em que o Bispo, através da imposição das mãos e da oração consacratória, nos integrou no sacerdócio de Jesus Cristo, para sermos «consagrados na verdade» (Jo 17, 19), como Jesus pediu ao Pai na sua Oração Sacerdotal. Ele mesmo é a Verdade. Consagrou-nos, isto é, entregou-nos para sempre a Deus, a fim de que, a partir de Deus e em vista d’Ele, pudéssemos servir os homens. Mas somos também consagrados na realidade da nossa vida? Somos homens que actuam a partir de Deus e em comunhão com Jesus Cristo? Com esta pergunta, o Senhor está diante de nós, e nós diante d’Ele. «Quereis viver mais intimamente unidos a Cristo e configurar-vos com Ele, renunciando a vós mesmos e permanecendo fiéis aos compromissos que, por amor de Cristo e da sua Igreja, aceitastes alegremente no dia da vossa Ordenação Sacerdotal?» Tal é a pergunta que, depois desta homilia, será dirigida singularmente a cada um de vós e a mim mesmo. Nela, são pedidas sobretudo duas coisas: uma união íntima, mais ainda, uma configuração a Cristo e, condição necessária para isso mesmo, uma superação de nós mesmos, uma renúncia àquilo que é exclusivamente nosso, à tão falada auto-realização. É-nos pedido que não reivindique a minha vida para mim mesmo, mas a coloque à disposição de outrem: de Cristo. Que não pergunte: Que ganho eu com isso? Mas sim: Que posso eu doar a Ele e, por Ele, aos outros? Ou mais concretamente ainda: Como se deve realizar esta configuração a Cristo, que não domina mas serve, não toma mas dá. Como se deve realizar na situação tantas vezes dramática da Igreja de hoje? Recentemente, num país europeu, um grupo de sacerdotes publicou um apelo à desobediência, referindo ao mesmo tempo também exemplos concretos de como exprimir esta desobediência, que deveria ignorar até mesmo decisões definitivas do Magistério, como, por exemplo, na questão relativa à Ordenação das mulheres, a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer autorização para o fazer. Será a desobediência um caminho para renovar a Igreja? Queremos dar crédito aos autores deste apelo quando dizem que é a solicitude pela Igreja que os move, quando afirmam estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das Instituições com meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos tempos de hoje. Mas será verdadeiramente um caminho a desobediência? Nela pode-se intuir algo daquela configuração a Cristo que é o pressuposto para toda a verdadeira renovação, ou, pelo contrário, não é apenas um impulso desesperado de fazer qualquer coisa, de transformar a Igreja segundo os nossos desejos e as nossas ideias?
Mas o problema não é assim tão simples. Porventura Cristo não corrigiu as tradições humanas que ameaçavam sufocar a palavra e a vontade de Deus? É verdade que o fez, mas para despertar novamente a obediência à verdadeira vontade de Deus, à sua palavra sempre válida. O que Ele tinha a peito era precisamente a verdadeira obediência, contra o arbítrio do homem. E não esqueçamos que Ele era o Filho, com a singular autoridade e responsabilidade de desvendar a autêntica vontade de Deus, para deste modo abrir a estrada da palavra de Deus rumo ao mundo dos gentios. E, por fim, Ele concretizou o seu mandato através da sua própria obediência e humildade até à Cruz, tornando assim credível a sua missão. Não se faça a minha vontade, mas a tua: esta é a palavra que revela o Filho, a sua humildade e conjuntamente a sua divindade, e nos indica a estrada.
Deixemo-nos interpelar por mais uma questão: Não será que, com tais considerações, o que na realidade se defende é o imobilismo, a rigidez da tradição? Não! Quem observa a história do período pós-conciliar pode reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente assumiu formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que tornam quase palpável a vivacidade inexaurível da santa Igreja, a presença e a acção eficaz do Espírito Santo. E se olharmos para as pessoas de quem dimanaram, e dimanam, estes rios pujantes de vida, vemos também que, para uma nova fecundidade, se requer o transbordar da alegria da fé, a radicalidade da obediência, a dinâmica da esperança e a força do amor.
Queridos amigos, daqui se vê claramente que a configuração a Cristo é o pressuposto e a base de toda a renovação. Mas talvez a figura de Cristo nos apareça por vezes demasiado alta e grande para podermos ousar tomar as suas medidas. O Senhor sabe-o. Por isso providenciou «traduções» em ordens de grandeza mais acessíveis e próximas de nós. Precisamente por este motivo, São Paulo resolutamente diz às suas comunidades: Imitai-me, mas eu pertenço a Cristo. Ele era para os seus fiéis uma «tradução» do estilo de vida de Cristo, que eles podiam ver e à qual podiam aderir. A partir de Paulo e ao longo de toda a história, existiram continuamente tais «traduções» do caminho de Jesus em figuras históricas vivas. Nós, sacerdotes, podemos pensar numa série imensa de sacerdotes santos que vão à nossa frente para nos apontar a estrada, a começar por Policarpo de Esmirna e Inácio de Antioquia, passando por grandes Pastores como Ambrósio, Agostinho e Gregório Magno, depois Inácio de Loiola, Carlos Borromeu, João Maria Vianney, até chegar aos sacerdotes mártires do século XX e, finalmente, ao Papa João Paulo II, que, na acção e no sofrimento, nos serviu de exemplo na configuração a Cristo, como «dom e mistério». Os Santos indicam-nos como funciona a renovação e como podemos servi-la. E fazem-nos compreender também que Deus não olha para os grandes números nem para os êxitos exteriores, mas consegue as suas vitórias sob o sinal humilde do grão de mostarda.
Queridos amigos, queria ainda, brevemente, acenar a duas palavras-chave da renovação das promessas sacerdotais, que deveriam induzir-nos a reflectir nesta hora da Igreja e da nossa vida pessoal. Em primeiro lugar, é-nos recordado o facto de sermos – como se exprime Paulo - «dispensadores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1) e que nos incumbe o ministério de ensinar, o (munus docendi), que constitui precisamente uma parte desta distribuição dos mistérios de Deus, onde Ele nos mostra o seu rosto e o seu coração, para Se dar a Si mesmo. No encontro dos Cardeais por ocasião do recente Consistório, diversos Pastores, baseando-se na sua experiência, falaram dum analfabetismo religioso que cresce no meio desta nossa sociedade tão inteligente. Os elementos fundamentais da fé, que no passado toda e qualquer criança sabia, são cada vez menos conhecidos. Mas, para se poder viver e amar a nossa fé, para se poder amar a Deus e, consequentemente, tornar-se capaz de O ouvir correctamente, devemos saber aquilo que Deus nos disse; a nossa razão e o nosso coração devem ser tocados pela sua palavra. O Ano da Fé, a comemoração da abertura do Concílio Vaticano II há 50 anos, deve ser uma ocasião para anunciarmos a mensagem da fé com novo zelo e nova alegria. Esta mensagem, na sua forma fundamental e primária, encontramo-la naturalmente na Sagrada Escritura, que não leremos nem meditaremos jamais suficientemente. Nisto, porém, todos sentimos necessidade de um auxílio para a transmitir rectamente no presente, de modo que toque verdadeiramente o nosso coração. Este auxílio encontramo-lo, em primeiro lugar, na palavra da Igreja docente: os textos do Concílio Vaticano II e o Catecismo da Igreja Católica são os instrumentos essenciais que nos indicam, de maneira autêntica, aquilo que a Igreja acredita a partir da Palavra de Deus. E naturalmente faz parte de tal auxílio todo o tesouro dos documentos que o Papa João Paulo II nos deu e que está ainda longe de ser cabalmente explorado.
Todo o nosso anúncio se deve confrontar com esta palavra de Jesus Cristo: «A minha doutrina não é minha» (Jo 7, 16). Não anunciamos teorias nem opiniões privadas, mas a fé da Igreja da qual somos servidores. Isto, porém, não deve naturalmente significar que eu não sustente esta doutrina com todo o meu ser e não esteja firmemente ancorado nela. Neste contexto, sempre me vem à mente o seguinte texto de Santo Agostinho: Que há de mais meu do que eu próprio? E no entanto que há de menos meu do que o sou eu mesmo? Não me pertenço a mim próprio e torno-me eu mesmo precisamente pelo facto de me ultrapassar a mim próprio e é através da superação de mim próprio que consigo inserir-me em Cristo e no seu Corpo que é a Igreja. Se não nos anunciamos a nós mesmos e se, intimamente, nos tornamos um só com Aquele que nos chamou para sermos seus mensageiros de tal modo que sejamos plasmados pela fé e a vivamos, então a nossa pregação será credível. Não faço publicidade de mim mesmo, mas dou-me a mim mesmo. Como sabemos, o Cura d’Ars não era um erudito, um intelectual. Mas, com o seu anúncio, tocou os corações das pessoas, porque ele mesmo fora tocado no coração.
A última palavra-chave, a que ainda queria aludir, designa-se zelo das almas (animarum zelus). É uma expressão fora de moda, que hoje já quase não se usa. Nalguns ambientes, o termo «alma» é até considerado como palavra proibida, porque – diz-se – exprimiria um dualismo entre corpo e alma, cometendo o erro de dividir o homem. Certamente o homem é uma unidade, destinada com corpo e alma à eternidade. Mas isso não pode significar que já não temos uma alma, um princípio constitutivo que garante a unidade do homem durante a sua vida e para além da sua morte terrena. E, enquanto sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente com o homem inteiro, incluindo precisamente as suas necessidades físicas: com os famintos, os doentes, os sem-abrigo; contudo, não nos preocupamos apenas com o corpo, mas também com as necessidades da alma do homem: com as pessoas que sofrem devido à violação do direito ou por um amor desfeito; com as pessoas que, relativamente à verdade, se encontram na escuridão; que sofrem por falta de verdade e de amor. Preocupamo-nos com a salvação dos homens em corpo e alma. E, enquanto sacerdotes de Jesus Cristo, fazemo-lo com zelo. As pessoas não devem jamais ter a sensação de que o nosso horário de trabalho cumprimo-lo conscienciosamente, mas antes e depois pertencemo-nos apenas a nós mesmos. Um sacerdote nunca se pertence a si mesmo. As pessoas devem notar o nosso zelo, através do qual testemunhamos de modo credível o Evangelho de Jesus Cristo. Peçamos ao Senhor que nos encha com a alegria da sua mensagem, a fim de podermos servir, com jubiloso zelo, a sua verdade e o seu amor. Amém.
*Homilia do Santo Padre Bento XVI na Missa do Crisma 05/04/2012
Eterno como o Pai
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo
Gloriemo-nos também nós na Cruz do Senhor!
A Paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é para nós penhor de glória e exemplo de paciência.
Haverá alguma coisa que não possam esperar da graça divina os corações dos fiéis, pelos quais o Filho unigênito de Deus, eterno como o Pai, não apenas quis nascer como homem entre os homens, mas quis também morrer pelas mãos dos homens que tinha criado?
Grandes coisas o Senhor nos promete no futuro! Mas o que ele já fez por nós e agora celebramos é ainda muito maior. Onde estávamos ou quem éramos, quando Cristo morreu por nós pecadores? Quem pode duvidar que ele dará a vida aos seus fiéis, quando já lhes deu até a sua morte? Por que a fraqueza humana ainda hesita em acreditar que um dia os homens viverão em Deus?
Muito mais incrível é o que já aconteceu: Deus morreu pelos homens.
Quem é Cristo senão aquele que no princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus: e a Palavra era Deus? (Jo 1,1). Essa Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). Se não tivesse tomado da nossa natureza a carne mortal, Cristo não teria possibilidade de morrer por nós. Mas deste modo o imortal pôde morrer e dar sua vida aos mortais. Fez-se participante de nossa morte para nos tornar participantes da sua vida. De fato, assim como os homens, pela sua natureza, não tinham possibilidade alguma de alcançar a vida, também ele, pela sua natureza, não tinha possibilidade alguma de sofrer a morte.
Por isso entrou, de modo admirável, em comunhão conosco: de nós assumiu a mortalidade, o que lhe possibilitou morrer; e dele recebemos a vida.
Portanto, de modo algum devemos envergonhar-nos da morte de nosso Deus e Senhor; pelo contrário, nela devemos confiar e gloriar-nos acima de tudo. Pois tomando sobre si a morte que em nós encontrou, garantiu com total fidelidade dar-nos a vida que não podíamos obter por nós mesmos.
Se ele tanto nos amou, a ponto de, sem pecado, sofrer por nós pecadores, como não dará o que merecemos por justiça, fruto da sua justificação? Como não dará a recompensa aos justos, ele que é fiel em suas promessas e, sem pecado, suportou o castigo dos pecadores?
Reconheçamos corajosamente, irmãos, e proclamemos bem alto que Cristo foi crucificado por amor de nós; digamos não com temor, mas com alegria, não com vergonha, mas com santo orgulho.
O apóstolo Paulo compreendeu bem esse mistério e o proclamou como um título de glória. Ele, que teria muitas coisas grandiosas e divinas para recordar a respeito de Cristo, não disse que se gloriava dessas grandezas admiráveis – por exemplo, que sendo Cristo Deus como o Pai, criou o mundo; e, sendo homem como nós, manifestou o seu domínio sobre o mundo – mas afirmou: Quanto a mim, que eu me glorie somente na cruz do Senhor nosso, Jesus Cristo (Gl 6,14).
(Sermo Guelferbytanus 3:PLS 2,545-546)
(Séc.V)
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