Pensamentos sobre o Sacerdócio II

Mas, como no Antigo Testamento, a Igreja, novo povo de Deus, povo todo sacerdotal, tem em si um ministério próprio para tornar presente o Cristo Cabeça, Sacerdote que une a si o povo sacerdotal. Este é o ministério ordenado dos Bispos e presbíteros (os diáconos não são uma ordem sacerdotal no sentido do ministério). O nosso sacerdócio, tornando presente o Cristo Cabeça do seu Corpo que é a Igreja, coloca todo o povo sacerdotal em condições de agir sacerdotalmente. Podemos dizer assim: o Cristo total é a Cabeça (Cristo que está nos céus) e o seu Corpo (a Igreja). Ora, há na Igreja ministros que, pelo sacramento da Ordem, recebem o Espírito Santo e são configurados a Cristo Cabeça, de modo a representá-lo realmente no meio do povo santo e à frente do povo santo. É este ministério ordenado que, fazendo as vezes do Cristo Cabeça, coloca o povo sacerdotal em condição de celebrar os santos mistérios que o Senhor Jesus instituiu e nos mandou celebrar (cf. Mt 26,26-29; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20; 1Cor 11,23-25). 
Agora estamos em condições de compreender o texto de Hebreus e saborear sua riqueza espiritual, pensando no sacerdócio dos ministros ordenados do Novo Testamento. 
Quem é o sacerdote, segundo o nosso texto? É um homem entre os homens, com as mesmas procuras, anseios e sedes de todos os homens; é também um discípulo de Cristo de espírito pronto e carne fraca... É um homem, portanto, “retirado do meio dos homens”. Retirado quer dizer separado, consagrado, segregado:“separado para o Evangelho de Deus” (Rm 1,1). Separado-consagrado como Jesus que, na sua Oração Sacerdotal, afirmou: “Por eles a mim mesmo eu me consagro” (Jo 17,19). Assim sendo, qualquer tentativa de mundanizar o padre com pretextos teológicos fajutas, é uma grave infidelidade ao significado do seu sacerdócio. Um dos grandes motivos da crise da Igreja atual é a forte secularização do clero! Já Paulo VI exclamava, pesaroso: “O povo de Deus não tem mais a alegria de ver os seus padres!” Mesmo o padre secular não deve ser padre secularizado... Deve exprimir o seu ser de homem como os outros e homem tirado do meio dos homens. Ele é santo, é sagrado, é consagrado, é imagem do Cristo cabeça, pastor e sacerdote eterno... 
Tirado do meio dos homens, o sacerdote é “é instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus”. É profunda e bela essa afirmação: o sacerdote não é para o sacerdote: é para a humanidade: instituído em favor dos homens. Em favor não só da Igreja, mas de toda a humanidade. Toda existência do sacerdote deve ser uma pró-existência, uma existência em favor dos, em função dos outros. Mas, note-se que há uma restrição importante: “nas coisas que se referem a Deus”. O serviço do padre não é o do advogado, do assistente social, do líder político, do líder sindical, do revolucionário social. O padre é fiel ao seu ministério quando se dedica de corpo e alma às coisas de Deus; ele serve de verdade aos homens dando-lhes aquilo que ninguém mais, a não ser ele mesmo, pode dar: Deus e sua graça, administrando os santos mistérios! Note o meu leitor que é falsa a desculpa de padre ativista, metido com política, com atividades sociais de direita ou de esquerda com a desculpa esfarrapada de que isso é um serviço ao povo de Deus. Mentira! Não é este o serviço que o rebanho espera de seus sacerdotes. A Palavra do Senhor é claríssima: “Instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus!” O resto é conversa fiada! 

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