Iniciação à Vida Cristã

A iniciação cristã é um dos mais belos temas, pois tratamos do Batismo, Eucaristia e como desdobramento a Crisma. É a base para todo o povo de Deus. A forma de iniciação cristã hoje não nos deixa satisfeitos. É preciso encontrar o caminho para a renovação da vida cristã hoje. É preciso abrir pistas para que a iniciação traga sua renovação pastoral para nós.
O que nos atrapalha é pensarmos que a catequese é coisa de criança. Temos prática sacramental diferente, cada um formado com visão diferente. É preciso retomar a Iniciação Cristã (IC), fazendo dela a espiritualidade primeira da vida cristã – uma espiritualidade que verta na comunidade.
É preciso mudança de mentalidade. Se permanecermos com a mesma visão, não encontramos nada de novo. Mas podemos perceber outros elementos que  provoquem uma prática nova. A iniciação cristã não é um tema periférico, mas fundamental. É preciso retomar o catecumenato, não como movimento, mas como espiritualidade da Tradição da Igreja – herança de toda a Igreja.
Qual é o papel que cabe ao presbítero nesta IC, como animador da fé da comunidade? Na Igreja antiga Sacramento e Palavra andam juntos.
·         Iniciação: é preciso recolocar o processo de ser cristão. A abordagem do tema vai adquirir contornos, nuances. Os elementos da IC são conhecidos, mas o modelo de trabalhar com estes modelos é que é diferente.
·         Desaparecimento do batismo de adultos. Até o século IV tínhamos uma estrutura unitária da vida cristã; a partir do século V acontece a generalização do Batismo de Crianças. No século VI reduziu-se a IC praticamente à Quaresma, com sete escrutínios dirigidos aos pais. O Batismo de crianças é um tema difícil. Na nossa tradição, no Brasil, receber o Batismo é questão de ser gente. A certidão de Batismo (tempo da escravidão, e para os índios), servia como certidão de nascimento. A partir do século VI desaparece o catecumenato, mas as pessoas já nasciam dentro do clima cristão. Era o catecumenato social, ou seja, IC no dia-a-dia.
·         Mudança de época, de tempo e de espaço (Cf. DA 44). O passado não é referência para o tempo presente. As mudanças não são periféricas, mas essenciais. A fragmentação vai produzir a crise de sentido. Assim, diante do pluralismo religioso, ser cristão é uma escolha e não simplesmente tradição familiar. O ser cristão é uma escolha a partir do crescimento da fé.
·         Sacramentos iniciais que não se encontram não nos dão noção de ser cristãos. O sacramento agindo por força própria dentro do contexto de cristandade – ser cristão era ser sacramentado (sacramento sem ser cristão). Prepara-se unicamente para o sacramento. Como estamos educando na fé? É preciso criar outras opções na prática pastoral. Desestabiliza desconstruir para  construir de novo. É preciso ter postura nova de mudança, mudar para algo mais evangélico, mais bíblico, mais litúrgico!
·         IC pelo catecumenato como modelo de toda a catequese. Descobrir os elementos que fazem parte do catecumenato e aplicar na catequese com o olhar nos adultos para crianças (e não das crianças para adultos). Agora o foco são os adultos (catequese com adultos), a partir dos adultos.
·         O sacramento não pode se coisificar, não pode girar ao redor de si mesmo; a pessoa não pode perder de vista a realidade salvifica.
·         RICA (Rito de Iniciação Cristã de Adultos) para adultos não batizados, para batizados não plenamente iniciados.
O RICA tem como finalizade a unidade dos 3 sacramentos iniciais, marca os tempos da IC, valoriza o caráter Pascal da IC, (a identidade cristã está na Páscoa).

Assim, o RICA insiste na progressiva IC através da escuta da Palavra de Deus, Celebração da Fé e novas atitudes de vida cristã. O RICA propõe a unidade dos três sacramentos. Nos tornamos em Cristo uma coisa só. Pelo Batismo nos tornamos um em Cristo. A Confirmação nos concede o Espírito da Páscoa de Cristo. O Batismo se cumpre na Eucaristia e abre a porta para a vida cristã. Jesus quer que o cristão viva unido a Ele. Assim, na Eucaristia dominical o cristão une-se ao sacramento de Cristo e identifica-se com Cristo em sua Páscoa. A Eucaristia é a participação confirmada na Páscoa com a oferenda da própria vida (é o sacerdócio comum dos fiéis).

Caríssimos: aprendamos a retomar a IC fazendo dela a espiritualidade primeira da vida cristã. Como sacerdotes, aprendamos nossa missão nesta IC. 

O tema da IC foi aprofundado pelo Pe. Edson Mendes de Souza no Conselho Diocesano de Pastoral dia 25/05/2011.

Dom Dirceu Vegini

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