Iniciação à Vida Cristã

O Texto abaixo faz parte das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas na Assembléia dos Bispos, para os próximos quatro anos.  Ele vem ao encontro da reflexão feita pelo Pe. Edson Mendes de Souza, dia 25/5/11, sobre a Iniciação Cristã.

   A Iniciação à Vida Cristã não é somete proposta para a catequese diocesana, mas deve ser assumida por todas as pessoas evangelizadas, que fizeram o encontro pessoal com Jesus Cristo. É missão de todos fazer da comunidade eclesial (paróquia) o lugar da iniciação cristã.

   A catequese de iniciação contempla os adultos não batizados (catecúmenos), os adultos batizados que desejam retormar à fé,  a catequese das crianças e dos mais jovens, que por si só, já tem caráter de iniciação. A catequese de iniciação deve ser elo necessário entre a ação missionária, que chama à fé, e a  ação pastoral, que alimenta continuamente a comunidade cristã. Ação esta fundamental na edificação da comunidade de discípulos.

   A catequese, portanto, é uma responsabilidade de toda a comunidade cristã. A iniciação cristã, de fato, "não deve ser obra somente de catequistas ou sacerdotes, mas de toda a comunidade de fiéis". Com a iniciação cristã colocamos a pessoa em contato com Jesus Cristo e ela é iniciada no discipulado. É preciso desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação cristã que comece pelo kerygma, que guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, centro da vida do discípulo.
   As Paróquias de nossa Diocese precisam ser o lugar onde se assegure a iniciação cristã, com o fortalecimento de uma catequese que promova uma adesão pessoal e comunitária a Cristo, sobretudo aos mais fracos na fé. Tarefa esta, como já dissemos, de toda a comunidade de discípulos.

   Queremos uma prioridade para o Plano da Ação Evangelizadora para o próximo plano? Que tal a Iniciação à Vida Cristã?


Dom Dirceu Vegini
Bispo Diocesano

4.2. Igreja: casa da iniciação à vida cristã
85.   Nos dias atuais, a catequese de inspiração catecumenal,[1] que equivale ao processo de iniciação cristã, adquire grande importância, não limitada a crianças. Trata-se de uma catequese não ocasional (apenas na ocasião de preparar-se para receber algum sacramento), mas permanente. Isso implica melhor formação dos responsáveis[2] e um itinerário catequético permanente, assumido pela Igreja Particular, com a ajuda da Conferência Episcopal,[3] que não se limite a uma formação doutrinal, mas integral, à vida cristã. A inspiração bíblica, catequética e litúrgica é condição fundamental para a iniciação cristã de crianças, bem como de adolescentes, jovens e adultos que não foram suficientemente orientados na fé e nas obras inspiradas pela fé.
86. É necessário desenvolver, em nossas comunidades, um processo de iniciação na vida cristã, que conduza ao “encontro pessoal com Jesus Cristo”,[4] no cultivo da amizade com Ele pela oração, no apreço pela celebração litúrgica, na experiência comunitária e no compromisso apostólico, mediante um permanente serviço aos demais.[5] As muitas manifestações da piedade popular católica precisam ser valorizadas e estimuladas e, onde for necessário, purificadas. Tais práticas têm grande significado para a preservação e a transmissão da fé e para a iniciação à vida cristã.
87.   No contexto em que vivemos, marcado pelo pluralismo e pelo subjetivismo, desencadear o processo de iniciação à vida cristã implica grande atenção às pessoas, com atendimento personalizado[6]. Trata-se de estabelecer um diálogo interpessoal, de reflexão sobre a experiência de vida, abrindo-a a seu verdadeiro sentido. É importante valorizar e respeitar a liberdade de cada um, assim como sua experiência, pois toda pessoa traz em si o desejo e a capacidade de encontro com a Palavra de Deus, que o próprio Espírito Santo suscita.
88.       As pessoas, hoje, ciosas de sua liberdade e autonomia, querem se convencer pessoalmente. Desejam discutir, refletir, avaliar, ponderar os argumentos a favor e contra determinada visão, doutrina ou norma. Por isso, no processo de iniciação à vida cristã, deve-se ter consciência que, mesmo em se tratando da Boa Nova, não se pode impô-la. A pedagogia evangélica consiste na persuasão do interlocutor pelo testemunho de vida e por uma argumentação sincera e rigorosa, que estimula a busca da verdade. 
89.   No anúncio da Boa Nova, antes do missionário, sempre chega o Espírito Santo, protagonista da evangelização. É Ele quem move o coração para o encontro pessoal com Jesus Cristo, embora se trate de um encontro sempre mediado por pessoas. O discípulo missionário crê em Igreja, crê com os outros discípulos missionários e naquilo que os outros discípulos missionários creem. No processo de iniciação cristã é preciso, portanto,  dar grande valor à relação interpessoal, no seio de uma comunidade eclesial. As pessoas não buscam em primeiro lugar as doutrinas, mas o encontro pessoal, o relacionamento solidário e fraterno, a acolhida, vivência implícita do próprio Evangelho.
90.   O lugar da iniciação cristã é a comunidade eclesial. Que esta, particularmente a paróquia, seja lugar de iniciação na vida cristã dos adultos batizados e não suficientemente evangelizados. Seja local para iniciar os não batizados que, havendo escutado o querigma, querem abraçar a fé”.[1]
91. A comunidade eclesial é o lugar de educação na fé[2] para crianças, adolescentes e jovens batizados, em um processo que os leve a completar sua iniciação cristã. A formação dos discípulos missionários precisa articular fé e vida e integrar cinco aspectos fundamentais: o encontro com Jesus Cristo; a conversão; o discipulado; a comunhão; a missão.[3] O processo formativo se constitui no alimento da vida cristã e precisa estar voltado para a missão, que se concretiza em vida plena, em Jesus Cristo, para todos, em especial para os pobres. A formação não se reduz a cursos, pois integra a vivência comunitária, a participação em celebrações e encontros, a interação com os meios de comunicação, a inserção nas diferentes atividades pastorais e espaços de capacitação, movimentos e associações. A formação dos leigos e leigas precisa ser uma das prioridades da Igreja Particular, dado que é “um direito e dever para todos”.[4] Ela se torna mais efetiva e frutuosa quando integrada em um “projeto orgânico de formação”,[5]que contemple a formação básica de todos os membros da comunidade e a formação específica e especializada, sobretudo para aqueles que atuam na sociedade, onde se apresenta o desafio de dar “testemunho de Cristo e dos valores do Reino”.[6]


1]  Cf. DAp, n. 294; CNBB, Catequese Renovada. São Paulo, Paulinas. 1983.
[2]  Cf. DAp, n. 296.
[3]  Cf. DAp, n. 298.
[4]  DAp, n. 289.
[5]  Cf. DAp, n. 299. A qualidade e os frutos do catecumenato são diretamente proporcionais à sua duração. A escolha mais difícil do Bispo para a iniciação cristã é sua duração. O Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) frisa que “deve prolongar-se e, se necessário, mesmo por vários anos para que a conversão e a fé possam amadurecer” (RICA 7/b; 98).
[6]  Diretório Geral para a Catequese (1997), n. 170; RMn. 14. 


[1]  DAp, n. 293.
[2]  DAp, n. 276.
[3]  DAp, n. 278.
[4]  ChL, n. 57.
[5]  DAp, n. 281.
[6]  DAp, n. 216.

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