Pensamentos sobre o Sacerdócio IV

Como conseqüência e conclusão desses pressupostos, o texto que estamos saboreando apresenta ainda duas idéias preciosas. A primeira, que é uma advertência muito oportuna hoje em dia: “Ninguém deve atribuir-se esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão”. Em outras palavras: o sacerdócio, sendo mistério de configuração sacramental ao Cristo Servo, que dá toda a vida sacerdotalmente, não pode ser visto como um direito, um poder, uma reivindicação. Aqui se manifesta o triste engano daqueles que desejam re-inventar o sacerdócio, fabricando um “modelo” de padre do seu jeito, mais adaptado ao mundo atual. No fundo, busca-se um padre mundano, totalmente incompatível com o que Nosso Senhor espera de nós. Aqui também aparece a falta de sentido daqueles que clamam pelo sacerdócio conferido às mulheres, como um direito. Na Igreja, diante de Deus, tudo é graça; nada é direito! As mulheres nunca serão ordenadas. Isso é doutrina definida de modo irrevogável pela Igreja e quem realmente for católico não discute mais esta questão! Há vários motivos teológicos para tal. No entanto, bastaria afirmar assim: As mulheres não podem ser sacerdotes porque Cristo, Senhor livre, soberano e absoluto de sua Igreja, doador de todo bem e de toda graça, assim o determinou! Isso é fundamental para todos nós padres: o “nosso” sacerdócio de nosso não tem nada: é dom recebido, é ministério confiado à Igreja e por esta colocado nas nossas mãos como seus filhos e ministros. Não podemos dispor de tão grande tesouro a nosso arbítrio, nos servindo de algo que nos foi confiado para que sirvamos! 
A segunda idéia é o olhar contemplativo para o Sumo Sacerdote Jesus Cristo. O Autor da Carta aos Hebreus conclui esta perícope que estamos meditando, fazendo-nos mais uma vez olhar Jesus, e com duas imagens belíssimas: (1) “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei!” Cristo foi sacerdote porque foi fundamentalmente Filho, isto é, totalmente dependente do Pai, a ele entregue e para ele voltado. Nisto, precisamente, está o centro do seu ser sacerdotal: ele foi se deixando gerar pelo Pai, nunca tendo se procurado a si próprio, mas vivendo sempre em função do Pai e da sua santa vontade, que é, precisamente, a salvação da humanidade:“Todo aquele que o Pai me der virá a mim e eu não o rejeitarei, pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou, e a vontade daquele que me enviou é que eu não perca nada do que ele me deu, mas o ressuscite no Último Dia! Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida pelas minhas ovelhas!” (Jo 6,37; 10,17) (2) “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedec”. A total entrega de Jesus, até o total esvaziamento da morte e morte de cruz, possibilitou que o Pai o preenchesse com a plenitude do Espírito de Ressurreição e o assentasse, agora como Deus e homem – melhor ainda, como Filho divino feito homem -, à sua direita. É aí, na eternidade de Deus, que o sacerdócio do Filho feito homem atinge toda a criação e todos os tempos de eternidade em eternidade. Exatamente por isso, em cada lugar e em cada época, todos os que são nele batizados e recebem o seu Espírito, podem participar de sua missão sacerdotal: os leigos, pelo Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, do sacerdócio que é comum a todos os membros do Corpo sacerdotal de Cristo; os Bispos e presbíteros, pelo dom do Espírito no sacramento da Ordem, do sacerdócio do Cristo Cabeça que se encontra no céu e se torna realmente presente na terra por seus ministros, que devem fazer o que ele fez sobre o Altar da Liturgia e viver o que ele viveu no Altar da vida.

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