Ratzinger: Vimos uma Estrela - II


Podemos imaginar que os Magos tenham sofrido afrontas de todo tipo. Levando em conta o que se dizia, em Israel nasceria o rei do mundo e aqueles colocam-se a caminho seguindo as indicações de uma estrela qualquer. Às pessoas sensatas tudo isto deve ter parecido coisa absurda e infantil.

Os Magos certamente foram zombados. Tiveram, também estes, que sofrer o destino de Abraão, que tinha dito de si aquilo que repetiam os primeiros cristãos: “Somos peregrinos e estrangeiros neste mundo”, somos vistos como estranhos que não fazem parte desta sociedade completamente. Mas, para os Magos, não era grande coisa aquilo que as pessoas pensavam deles, aquilo que sobre eles dizia a opinião pública, que muda de um dia para o outro. Para eles, era importante aquilo que é verdadeiro e dá a vida autêntica e, por isso, recebiam de bom grado, as pilhérias das pessoas.

E mais uma vez eles nos provocam e nos desafiam também hoje. E ancora una volta essi ci provocano e ci sfidano anche oggi . Precisamente hoje novamente é arriscado viver a fé de verdade, considerar a palavra da Igreja não uma teoria entre as outras, talvez amplamente superada, mas ousar verdadeiramente ser cristãos, com as exigências que esta realidade traz consigo, crer e viver como cristãos. Por isso também hoje vê-se os cristãos como pessoas estranhas e eles são freqüentemente expostos a vexames, de modo que também hoje se é, de certo modo, peregrinos e estrangeiros.

Mas, é exatamente isto que nos acontece por ir além do conformismo, para beber a verdade e a verdadeira dimensão do ser homem que Deus nos reservou. Tal dimensão consiste no fato que nos tornamos semelhantes a Deus, porque a sua verdade e o seu amor tornam-se a nossa luz e a nossa vida.

Assim, também hoje deve ser válido para nós o tema que aparece em toda a Escritura: não temos neste mundo uma morada permanente, mas procuramos aquela futura.

Somos gratos pela bela pátria terrena que nos tocou em sorte, mas que se tornou bela exatamente porque os homens souberam olhar para além dela mesma e a encheram de sinais da eternidade. E continuará a permanecer bela somente se continuarmos no nosso caminho, de modo que a luz da cidade futura ilumine as nossas cidades, as nossas praças e as nossas vilas.

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