3. Um
terceiro breve pensamento. Nos primeiros séculos da Igreja, era bem clara uma
realidade: a Igreja, enquanto é mãe dos cristãos, enquanto “forma” os cristãos,
é também “formada” por eles. A Igreja não é algo diferente de nós mesmos, mas é
vista como a totalidade dos crentes, como o “nós” dos cristãos: eu, você, todos
nós somos parte da Igreja. São Jerônimo escrevia: “A Igreja de Cristo outra
coisa não é se não as almas daqueles que acreditam em Cristo” (Tract. Ps 86: PL
26,1084). Então, todos, pastores e fiéis, vivemos a maternidade da Igreja. Às
vezes ouço: “Eu creio em Deus, mas não na Igreja… Ouvi que a Igreja diz…os
padres dizem…”. Mas uma coisa são os padres, mas a Igreja não é formada somente
de padres, a Igreja somos todos! E se você diz que crê em Deus e não crê na
Igreja, está dizendo que não acredita em si mesmo; e isto é uma contradição. A
Igreja somos todos: da criança recentemente batizada aos Bispos, ao Papa; todos
somos Igreja e todos somos iguais aos olhos de Deus! Todos somos chamados a colaborar
ao nascimento à fé de novos cristãos, todos somos chamados a ser educadores na
fé, a anunciar o Evangelho. Cada um de nós se pergunte: o que faço eu para que
o outro possa partilhar a fé cristã? Sou fecundo na minha fé ou sou fechado?
Quando repito que amo uma Igreja não fechada em seu recinto, mas capaz de sair,
de mover-se, mesmo com qualquer risco, para levar Cristo a todos, penso em
todos, em mim, em você, em cada cristão. Participemos todos da maternidade da
Igreja, a fim de que a luz de Cristo alcance os extremos confins da terra. E
viva à santa mãe Igreja!