Nesta semana, celebramos a 48ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), às portas do XVI Congresso Eucarístico Nacional, elevando nosso clamor: “Fica conosco, Senhor” (Lc 24,29). Por ser o Brasil um país-continente, de maioria católica, somos hoje a maior Conferência de Bispos do mundo (446), incluindo os que já completaram 75 anos (149).
Com certeza, nós bispos somamos na grandeza desta nação, que nasceu aos pés da cruz de Cristo e caminha nos passos do Senhor Jesus, habitante primeiro do coração dos homens e mulheres que habitavam essa terra cor de brasa. Neste caminho de fé e de construção de um Brasil mais humano e cristão, marcamos nossa participação com olhos de pastores a cada passo deste povo, principalmente no trabalho a favor dos mais necessitados.
Com uma pauta longa e bem diversificada, o tema central escolhido, que ocupará grande parte do tempo da Conferência será: discípulos e Servidores da Palavra de Deus e a missão da Igreja no mundo. “Auscultando os sinais dos tempos, a Assembleia Geral da CNBB assumiu como tema central a Palavra de Deus.
Quer-nos tornar seus discípulos e servidores, projetando uma nova luz sobre a missão da Igreja hoje. Quando se fala em Palavra de Deus, nosso povo, normalmente, pensa na Sagrada Escritura, entendida como sinônimo da Bíblia. O Sínodo dos Bispos corrigiu e precisou esta visão, afirmando que a Palavra de Deus não é primeiramente um livro, mas sim uma pessoa viva.
Esta expressão, Palavra de Deus, tem em nossa linguagem vários significados... Na convivência diária, os discípulos de Jesus vão descobrindo que Ele não apenas tem e anuncia a Palavra de Deus, como fizeram os profetas, mas se identifica com ela.
Ele, Jesus, é, em Pessoa, a Palavra de Deus. Paulo, por isso, fala de sua presença entre nós como plenitude dos tempos (Gl 4,4). João introduz seu Evangelho testemunhando que a ‘Palavra se fez carne e veio morar entre nós’ (Jo 1,14)”.
Além do tema central, a pauta prevê mais de 35 assuntos, classificados em prioritários, comunicações, mensagens, declarações. Entre os temas prioritários, destaco o relatório do presidente, os assuntos de liturgia, as Comunidades Eclesiais de Base, as Diretrizes para a Formação Presbiteral.
Outros temas que serão contemplados são: a Igreja e a questão agrária, o acordo Brasil - Santa Sé, a conjuntura eclesial e social, normas especiais para a dispensa do exercício do ministério sacerdotal.
Também faremos uma declaração sobre o momento político e o ano eleitoral, sobre o ecumenismo, e sobre esse momento de dor provocado por alguns sacerdotes que não foram fieis ao ministério. Serão dias de muitas informações, reflexões e comunicados que enriquecem muito a nossa vida de pastores do rebanho espalhado pelo imenso Brasil.
Um aspecto, que para mim é o mais importante, é o relacionamento que se cria com os irmãos bispos, pois é a única vez no ano que nos encontramos em nível de Brasil. É impossível conhecer a todos e nem mesmo saber os nomes.
No entanto, o diálogo e o conhecimento da diocese onde trabalham, conhecer suas alegrias e preocupações, partilhar experiências, são marcas que ficam para sempre. Podemos perceber realmente a beleza da vocação dos bispos: ser pastores que dão a vida, sem olhar as dificuldades, como, por exemplo, as distâncias, os meios de comunicação, dificuldades econômicas. Enfim, só a graça de Deus e a solidariedade cristã tornam possível pastorear o rebanho.
Estes dias de Assembleia se tornam dias preciosíssimos, também cansativos, mas recompensadores. Unidos na Eucaristia diária, nas orações em comum, rezo por todo o povo de Deus da nossa Arquidiocese, que caminha na fé e na fé luta por um mundo melhor.
Dom Anuar Battisti é Arcebispo Metropolitano de Maringá-PR