Estive longe, estive perto...

A Igreja celebra neste sábado, dia 25, a Festa de São Tiago, dito o Maior, pois era mais alto, ao contrário de Tiago Menor, filho de Alfeu e, segundo certa tradição, irmão do Senhor e primeiro bispo de Jerusalém, mais exíguo de estatura física. Este outro Tiago, o Maior, o de hoje, era filho de Zebedeu e irmão do apóstolo São João... Segundo uma tradição mais que milenar, seus restos encontram-se em Compostela, na Espanha, que se tornou, na Idade Média, um dos grandes centros de peregrinação dos cristãos. Ainda hoje o é.
Tiago! Foi o primeiro dos apóstolos a derramar o sangue por Cristo, por volta do ano 42. Dizem-nos os Atos dos Apóstolos, num único versículo (cf. 12,2), que Herodes “mandou matar à espada Tiago, irmão de João”. Só isto; mais nada! Não se diz o que Tiago falou, como procedeu, como se desenrolou a sua execução. Nada! Num único e curto versículo foi dito tudo: Tiago, por amor a Jesus, pelo Nome de Jesus, foi assassinado, perdeu a vida pela espada...
Como esse homem chegou a tal destino tão cruento? O que o conduziu a essa situação de proscrito, a ponto de sua morte agradar aos judeus (cf. At 12,3)?
Voltemos no tempo, ao Mar da Galileia, distante de Jerusalém, cerca de 14 anos antes... Tiago e seu irmão João eram ainda jovens, certamente com seus sonhos, suas sedes de viver e ser feliz... Estavam lá, às margens daquele mar que era o seu mundo. Estavam lá, na barca de Zabedeu, consertando as redes... E Jesus passou, e os chamou, e os cativou; e eles, “deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, partiram em seu seguimento” (Mc 1,19s). Assim começou tudo: Tiago deixou sua família, seu futuro de pescador, sua Cafarnaum, para seguir Jesus, colocando os passos da sua vida nos passos do Mestre... E nunca mais teve sossego, apesar da paz no seu coração...
Era impulsivo e tendia à violência, como o seu irmão, a ponto de Jesus apelidá-los de “filhos do trovão” (cf. Mc 3,17; Lc 9,51-54). E, no entanto, esse Tiago e seu irmão estavam entre os discípulos preferidos de Jesus, seu companheiro na glória do Tabor e na agonia das Oliveiras (cf. Mc 9,2ss; 14,32ss). Nem sempre compreendeu bem o seu Senhor; às vezes foi seduzido pela honra do primeiro lugar (cf. Mc 10,35ss). Mas, que ele amava Jesus, amava; que deseja segui-lo de todo o coração, desejava. Tanto que, de modo afoito e inocente, prontifica-se a beber o cálice do Senhor e ser mergulhado no mergulho de dor no qual o Salvador seria batizado (cf. Mc 10,38s).
E agora, naquele ano 42, mais ou menos, Tiago consumou seu amor a Jesus. Não havia aí mais palavras, não havia mais promessas nem ilusões, mas somente a serena certeza da união indestrutível com o seu mestre: “Não há maior prova de amor que dar a vida pelo amigo” (Jo 15,13). E Tiago, agora, poderia consumar a entrega total, de amor ao Senhor, que se deu na cruz, totalmente, pelo seu discípulo...
Tiago, o Maior, primeiro dos Doze a beber o cálice do Senhor, primeiro dos Doze a ser batizado na dor do Senhor... Que ele rogue por nós, rogue pelos discípulos de todos os tempos, para que compreendamos e creiamos de verdade que em Cristo Jesus está nossa vida. Vale a pena deixar família e barco e partir em seu seguimento, até a eternidade...

A Catedral de São Tiago de Compostela: meta de peregrinação.
Mas, tudo começou no Mar da Galileia, com o pai e as redes deixadas para trás
por causa de Jesus nosso  Senhor...

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