Ao Deus que não existe!

De Miguel de Unamuno, o ateu inquieto: "Ó Deus que não existes! Que pena que tu não existas, pois se existisses, eu também existiria de verdade!" Eis aqui um ateu que tem muito a nos dizer e a nos fazer pensar! Eis um pérola sua: “Aqueles que acreditam que creem em Deus, mas sem paixão em seu coração, sem angústia mental, sem incertezas, sem dúvidas, e às vezes até mesmo sem desespero, creem apenas na ideia de Deus, mas não no próprio Deus”.
E, no entanto, sem Deus - ao menos sem a sincera procura por Deus! -, a existência é sem sentido. Ponto e basta: não á onde ancorá-la, não há um sentido mais profundo que ela possa ter!

Ouve meus rogos Tu, Deus que não existes,
e em Teu nada recolhe estes meus lamentos!

Tu, que aos pobres homens nunca deixas
sem consolo de engano. Não resistes
ao nosso rogo, e o nosso anelo viste.

Quando mais Te afastas de minha mente;
mas recordo os doces conselhos
com que minh’alma acalentou certa vez noites tão tristes.

Quão grande és, meu Deus! Tu és tão grande,
que não és mais senão Idéia; é muito estreita
a realidade por muito que se expande
para abarcar-Te.

Sofro eu por Tua causa,
Deus não existente, pois se tu fosses de fato realidade,
também eu existiria de verdade.

 

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