Caro Internauta, estamos na santa Oitava de Natal. Ofereço-lhe alguns textos litúrgicos com os quais a Igreja contempla o mistério do Emanuel. Que a leitura dessas palavras encha de doçura o seu coração... Ainda mais uma vez: Feliz Natal! Feliz tempo natalino!
Deus faz-se carne! Graças à sua carne, da mesma natureza que a nossa, ele trouxe a si toda a humanidade. Para fazer morrer a morte que estava escondida na carne, Deus se fez carne.
Do mesmo modo, de fato, que a virtude dos remédios, insinuando-se em nosso organismo, evacua-lhe os germes de morte, do mesmo modo também que as trevas de um quarto escuro desaparecem, quando aí se introduz a luz, assim, com o único fato de sua presença na natureza humana, a divindade extirpou a morte que aí reinava. E do mesmo modo que o gelo que na obscuridade da noite se formou na água e a impede de correr, derrete-se aos quentes raios do sol, assim a morte reinou até à vinda do Cristo; mas. uma vez surgindo o Sol de justiça (Ml 4,22), a morte foi tragada na vitória (1Cor 15,54); ela não pôde de fato suportar a presença da Vida...
Celebremos então neste dia a redenção do mundo; celebremos este dia como sendo o do nascimento da humanidade. Hoje foi abolida a condenação de Adão. De ora em diante não mais se te dirá: “tu és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19); pois que tu foste unido ao homem celeste, tu serás acolhido no céu (São Basílio Magno).
Neste dia, aquele que tinha caído é levantado,
Aquele que se tinha feito inimigo de Deus volta à graça.
Neste dia, aquele que tinha sido expulso do paraíso a ele é de novo chamado;
aquele que tinha perdido a vida, encontra-a de novo;
aquele que estava sujeito a uma dura servidão, entra na posse do Reino.
Neste dia, o homem que estava preso pelos laços da morte, volta à terra dos vivos.
Agora, verdadeiramente, como anunciava o profeta (Sl 106,14), as portas de bronze da morte foram quebradas, as cadeias de ferro partidas,
cadeias que até então retinham o gênero humano na prisão da morte.
Agora, como o canta Davi, as portas da justiça foram abertas.
Agora, pela extensão do mundo inteiro, ouve-se o coro alegre daqueles que celebram a Festa! (São Gregório Nazianzeno).
Que desapareça toda enfermidade: hoje, o Salvador apareceu!
Não haja guerra, cale-se a discórdia: hoje, a verdadeira paz desceu dos céus.
Desapareça toda amargura: hoje, por todo o universo os céus destilam o mel.
Fuja a morte, pois hoje a vida nos é dada do céu...
Hoje, os cegos recobram a vista, os surdos ouvem, os coxos, os leprosos são curados, aqueles que estavam na tristeza estão na alegria, os enfermos encontram a saúde, os mortos ressuscitam.
Somente o diabo e seus demônios tremem de cólera; sua derrota é a restauração do gênero humano. Hoje, o Cristo nos apareceu como Salvador (De um sermão do século V).
Em face da ruína geral de todo o gênero humano, havia nos segredos da divina sabedoria, um só remédio para erguer aqueles que estavam por terra, isto é, o nascimento de um filho de Adão que foi isento do pecado original e inocente, pôde servir aos outros de modelo e de resgate.
Alegremo-nos no Senhor, meus bem-amados, entreguemo-nos a uma alegria espiritual, pois eis que começa a brilhar pêra nós o novo dia de nossa redenção, dia há tanto tempo preparado, dia de eterna felicidade. A volta do ano traz de fato o mistério de nossa salvação, prometido desde o princípio dos tempos e dado por fim para durar eternamente...
Outrora tínheis decaído, estáveis excluídos dos tronos do Paraíso, morríeis num exílio interminável, caíeis em cinzas e em pó, não tínheis mais a menor esperança de viver; mas a Encarnação do Verbo vos deu a possibilidade de voltar de tão longe a vosso Criador, de encontrar de novo vosso Pai, de deixar a escravidão pela liberdade, de deixar de ser estrangeiros para vos tornardes Filhos. (São Leão I Magno)
