“A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, E aquele que enviaste, Jesus Cristo. Manifestei teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e tu me deste. Pai Santo, guarda-os no teu nome que me deste”! (Jo 17,3.6.11b).
Jesus veio da parte de Deus: não veio por si mesmo. Ele é aquele que, vindo do Alto, é o único a nos poder falar de Deus, a revelá-lo no seu mistério mais íntimo: “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está voltado para o seio do Pai, este o deu a conhecer” (Jo 1,18); “Não vim por minha própria vontade, mas é Verdadeiro Aquele que me enviou e que não conheceis. Eu, porém, o conheço, porque dele procedo, e foi ele quem me enviou” (Jo 7,28b-29).
Jesus é o Revelador, o Exegeta de Deus: o único Deus verdadeiro é o Deus revelado por Jesus! Qualquer outra imagem que nos façamos de Deus é imperfeita, parcial e, pode ser até mesmo, blasfema! O Cristo veio, portanto, para dar a conhecer o verdadeiro Deus. Conhecer, aqui, não no sentido de uma informação intelectual, mas no sentido bíblico: Cristo veio para nos dar a vida do Deus verdadeiro, para nos colocar em comunhão íntima com ele, para nos fazer participar de sua plenitude. Conhecer a Deus é estar e viver em comunhão de vida e de amor com Deus! Por isso São João vai dizer na sua Epístola: “A nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1,3b).
Mas, qual é o Deus que Jesus veio revelar? Qual o nome desse Deus? No Antigo Testamento ele era chamado IHWH, Deus Santo, grande e terrível, Deus fiel e misericordioso. Mas, agora, Jesus diz: “Manifestei o teu nome aos homens!” – que nome? O nome de Abbá – Papai! Esta é a grande novidade do Evangelho: que Deus é Pai, é o Pai eterno do Filho Jesus, Pai cheio de misericórdia, Pai de entranhas maternais, Pai que nos estende as mãos, abre-nos o coração e, no seu Filho, propõe-nos a conversão e a aceitação do seu Reinado de amor e misericórdia. Para Jesus, anunciar o Reino de Deus é anunciar a sua paternidade! Por isso ele pede: “Pai, guarda-os no teu nome que me deste!” Em outras palavras: Pai, guarda-os na tua Paternidade; guarda-os como filhos teus, em mim, o teu Filho único! O Deus, portanto, que Jesus quer nos revelar e nos quer dar a conhecer, é o seu Pai amado! É bom estarmos atentos: ao falarmos do Pai de Jesus, devemos ter todo o cuidado para não dar ao termo “pai” uma conotação sexista. O Pai de Jesus, tal como a Escritura no-lo revela, é Pai e Mãe, pai com atitudes profundamente maternas; pai com entranhas fecundas e acolhedoras de mãe. Somente Deus, o Pai, é fonte de toda geração no céu e na terra (cf. Ef 3,14) e, portanto, fonte e modelo de toda a paternidade e de toda a maternidade humanas!